Anomia é um estado de falta de objetivos e regras e de perda de identidade, provocado pelas intensas transformações ocorrentes no mundo social moderno.
Soa familiar? Pois, o conceito sociológico de Durkheim pode parecer a definição mais adequada dos tempos que vivemos mas, não se iludam, este foi criado em finais do século XIX.
A última década pode ter parecido um mar de incertezas e insegurança, em particular o último ano, que se transformou num nevoeiro através do qual caminhamos sem conseguirmos ver nenhum dos nossos antigos pontos de apoio.
Mas, por incrível que pareça, nada disto é novo. Também os nossos antepassados lidaram com mudanças radicais abruptas que desconstruíram todo o contexto social em que viviam. Pensemos na revolução industrial dos finais do séc. XVIII ou nas grandes transformações que alteraram todos os campos da vida económica e social no final das duas Grandes Guerras Mundiais do século passado.
Impõe-se pois a questão de saber como é que eles lidaram com a mudança, como é que se adaptaram a ela. Como em quase tudo, não existe uma solução única e cada pessoa, família ou grupo terá feito as coisas de forma diferente. Mas a história dá-nos algumas pistas sobre um ponto comum a todas elas: a partilha de conhecimentos. Saber fazer, sujar as mãos, pensar e executar, absorver ideias e experiências das gerações anteriores e alterá-las com vista a serem aplicadas noutro contexto é uma fórmula que não tem preço e não se torna obsoleta mesmo num mundo cada vez menos físico e mais digital.
E o melhor de tudo? A história não se apaga, está só ali à espera que a vamos buscar.