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Marta Gorgulho é o rosto por trás da página Nutrir a Maternidade, temas que lhe despertaram interesse ainda ela estava a completar o curso de Nutrição. Desde então, tem ajudado famílias, especialmente grávidas e recém-mães, a navegar pelos mundos do teor nutricional e da introdução alimentar. As dúvidas de quem a segue enchem-lhe a caixa de mensagens e o consultório e Marta espera que assim continue nesta senda de poder contribuir para romper com hábitos alimentares prejudiciais e trazer luz sobre o método mais recente, Baby Led Weaning.

Ainda enquanto estudante, Marta Gorgulho já se começou a interessar pela nutrição materno-infantil, então decidiu criar a página de Instagram Nutrir a Maternidade como um passatempo onde ia partilhando conteúdos que achava pertinentes divulgar junto das famílias. “Partilhava informação sobre esta área que representa uma fase de vida que pode ter um verdadeiro impacto quer nos hábitos alimentares quer na saúde em geral das famílias”, afirma, explicando que é neste período, desde a pré-concepção até aos primeiros anos de vida do bebé, que se criam bons hábitos alimentares. “Muitas vezes as famílias querendo dar o melhor aos seus filhos acabam também elas por comer um pouco melhor. É uma boa fase para mudar a alimentação dos adultos porque estão mais receptivos a essa alteração”, explica.

A página foi “muito bem recebida” e foi “crescendo gradualmente. Sinto que este público, maioritariamente as mães, querem dar o melhor aos seus filhos e têm esta preocupação na pré-concepção e na gravidez de garantir que está tudo a correr como desejado. É um público muito interessado que interage muito, interessado, com dúvidas”, afirma, reiterando que “o projecto acabou por ter um público muito interessado e atento desde o início. Tentei trazer as bases desta área para dar a conhecer conceitos e depois foi comecei a responder a questões. Chegaram mães com dúvidas, famílias que tinham recebido certa informação, mas não sabiam se estavam actualizada, informava e dava espaço para reflexão e debate. A teoria é uma coisa, mas aplicar em casa nem sempre é fácil, cada família tem as suas condições e interpretação dos temas e por isso é sempre importante que a nutrição se adapte à pessoa que tem à sua frente”, salienta.

Gravidez e introdução alimentar, os momentos mais críticos

Há dois momentos que são críticos em termos de busca de informação pelas famílias. “Na gravidez, perguntam muito se podem comer alimento x ou y por causa da lista de alimentos proibidos. Tento simplificar e dizer que há trocas muito simples para que a lista não se torne tão grande. Obviamente que tem sempre de existir cuidado com a segurança alimentar para evitar contaminações e intoxicações alimentares”, afirma. O segundo momento de grandes interrogações é a introdução alimentar. “Como saber se o bebé está pronto? Recebi esta recomendação, faz sentido? Determinado produto, mesmo que diga que é para bebé, é adequado? Como se oferece este alimento na temática do Baby Led Weaning (BLW)? Coisas simples e práticas do dia-a-dia que não chegam às pessoas de uma forma clara porque sinto que há muita desinformação e as pessoas acabam por procurar informação nas redes sociais”, comenta. E sobre isto muito se poderia falar, a começar por ideias erradas veiculadas ainda por profissionais de saúde. “As entidades de saúde europeias já têm recomendações que vão ao encontro das evidências mais recentes, mas muitos profissionais não as aplicam nem recomendam às famílias”, aponta.

Vamos desmistificar algumas destas ideias. “Muitos profissionais insistem em iniciar a introdução alimentar aos quatro meses e as recomendações mais recentes indicam o benefício em esperar até aos seis meses e garantir o aleitamento materno exclusivo até essa idade. Outra questão relativa à oferta alimentar. Há benefício em atrasar a introdução de açúcar, mas muitos profissionais proíbem alimentos como o morango, que é adequado para o bebé desde que com corte seguro, e incentivam o consumo de bolachas Maria e papas açucaradas”, compara, justificando que se trata de “uma questão cultural. Crescemos a comer bolacha Maria e isso ainda não mudou. Há o mito de que a alimentação tem de começar por purés e temos de passar a varinha mágica em tudo para não ter grumos nem fibras, mas o certo é que isso atrapalha a mastigação do bebé e a aceitação de novas texturas e consistências”, alerta.

BLW, o novo método de introdução alimentar

As novas guias indicam às famílias que o melhor caminho chama-se Baby Led Weaning, um método que promove a autonomia da alimentação do bebé baseado em determinados formatos e consistências dos alimentos serem considerados seguros. “O BLW é um conceito criado no início dos anos 2000 como uma alternativa ao método de introdução alimentar tradicional. A alimentação era iniciada através de purés e o bebé era alimentado pelo cuidador com uma colher. Raramente havia evolução de texturas. O BLW visa a autonomia do bebé, visa que o bebé coma os mesmos alimentos que a família, mas sem açúcar, sal e temperos e na consistência segura e formato correcto para ele se poder auto-alimentar”, elucida Marta Gorgulho. As grandes vantagens do BLW é que permite ao bebé “tocar, cheirar, levar à boca, provar, ter uma grande experiência sensorial e contacto com o alimento na sua forma real, o que promove a aceitação desse alimento no futuro”. A ideia é que o bebé “aprenda a pegar no alimento com a mão, leve à boca, explore o sabor e a textura e eventualmente aprenda a comer desta forma e tornar-se autónomo na sua alimentação”, frisa.

Além de tudo isto, a nutricionista não deixa de lembrar a importância de ouvir o bebé. “Há algumas coisas que temos de garantir, como a evolução de texturas e não obrigar o bebé a comer, deixar o bebé dizer quando está cheio, quando tem fome, saber interpretar os sinais de fome e saciedade do bebé é muito importante. Às vezes, quando o bebé é alimentado pelo cuidador, se o cuidador não conhecer estes sinais ou não estiver a prestar atenção ao bebé, que é um dos grandes erros da alimentação tradicional, acha que o bebé tem de comer aquela quantidade específica, não ouve o bebé e força colheres, e isto pode fazer com que o bebé perca a sintonia com os seus sinais de fome e saciedade comendo mais do que aquilo que precisa de comer”, alerta. O que fazer então? “É importante estarmos atentos ao bebé, olhá-lo nos olhos, verificar a experiência dele com a alimentação, se está a fugir da colher ou a aceitar bem, se está a ser um momento agradável e feliz, para haver uma boa relação à mesa e para que a família possa comer de forma agradável em conjunto. É importante nesta idade haver momentos prazerosos, de conforto, alegria, associados à refeição e a determinados alimentos, é fundamental para que assim continue”, comenta.

Se, pelo contrário, o bebé “está a chorar à mesa e estamos a obrigá-lo a continuar a comer, dificilmente vamos ter um bebé que goste de comer porque cada momento que ele está à mesa é um martírio para ele porque não o estamos a respeitar, estamos a dizer-lhe ‘tens de comer isto porque acho que tens de comer isto’. Os bebés nesta idade, seis meses, começam a estar interessados no mundo à sua volta e isso vê-se também na alimentação. Os pais começam a comer algo e eles ficam muito atentos, já a deitar a mão, a tentar alcançar, a abrir a boca, este tipo de sinais que o bebé está interessado na alimentação são importantes”, atenta Marta Gorgulho. Quando o bebé está saciado, “começa a virar à cara à colher se estiver a ser alimentado pelos pais, deixa de ter a sua atenção focada na refeição e tudo é uma distracção. Se o bebé estiver a ser alimentado pelo método BLW, começa a atirar os alimentos para o chão, a varrer o tabuleiro da cadeirinha com os braços ou começa a brincar com os alimentos sem levá-los à boca. O sinal mais claro de todos é quando começa a manifestar que quer sair da cadeirinha”, aponta.

E se o bebé fizer caretas à comida?

Uma das questões mais levantadas é também: e se o bebé estranhar a textura ou o sabor de um alimento? “Na introdução alimentar, é perfeitamente normal que os bebés estranhem texturas e sabores porque até agora o único alimento que conheciam era o leite materno. Além disso, os bebés nascem com preferência pelo sabor doce, o doce e o salgado são os sabores que aceitamos mais facilmente, logo sabores mais amargos como o grupo dos vegetais são mais difíceis para comer, mais desafiante. Tudo o que é mais amargo, o bebé vai estranhar”, comenta. Se oferecermos um destes alimentos e “o bebé começar a fazer caretas, não significa que não goste, significa que é um sabor novo, está a estranhar e vai precisar de novas exposições a esse sabor até que se torne familiar e não o recuse. Se encararmos as caretas do bebé e o facto de ele só colocar na boca e não continuar a comer como ‘o bebé não gosta, então não vou voltar a oferecer’, estamos a tirar a oportunidade ao bebé de eventualmente aceitar este alimento e muitas vezes são alimentos que temos muito interesse que gostem”, explica Marta Gorgulho.

O mesmo se passa na “consistência” dos alimentos. “Um puré mais grumoso vai dar mais trabalho ao bebé a mastigar, porque não é tão suave e uniforme, a informação sensorial é diferente. Se ele estiver habituado a purés mais cremosos, vai recusar no início. O que não podemos fazer, de forma nenhuma, é obrigar o bebé a aceitar aquele alimento”, afirma. A ideia é “continuar a oferecer estas texturas e sabores mais desafiantes. Quanto mais exposições existirem, maior probabilidade de o bebé aceitar e comer aqueles alimentos. Quem faz a alimentação mais tradicional, esquece-se disso. É necessário exposição ao sabor e textura mais desafiante para que o bebé aprenda a comer e a mastigar, para que se molde o paladar do bebé para aceitar determinados sabores. O maior conselho que deixo é continuar a oferecer sem pressionar, testar à refeição, a família comer aqueles alimentos que quer que o bebé aceite, porque eles também aprendem pela modelação de comportamentos, ficam mais interessado em comer determinados alimentos. Nunca obrigar, forçar, mas não desistir, continuar a oferecer, a colocar no prato”, declara.

E-book com receitas BLW para recriar em casa

A nutricionista dá consultas em que acompanha estas questões junta da família, focando assim a sua actuação na nutrição materno-infantil desde a pré-concepção até à infância. “A maioria das minhas clientes são grávidas ou mães que estão a fazer introdução alimentar”, refere. Há mães “mais descontraídas, outras mais receosas. Quando vem uma mãe que tem mais receio, muitas vezes o medo é o engasgamento, não saber como introduzir determinada textura, e querem este acompanhamento para se sentirem mais seguras e terem uma alimentação mais respeitadora. Ter definido x ml de sopa por dia é mais fácil para quem tem medo de evoluir texturas e dar alimentos no seu estado natural, mas sabemos que não é muito benéfico para o bebé, ele precisa de ter contacto com os alimentos reais”, explica. Outra preocupação de quem a procura é garantir que o bebé está a receber os nutrientes que precisa para esta fase de desenvolvimento. “Será que está a crescer bem? Que tem energia suficiente? Que estou a dar os nutrientes suficientes nesta fase?’, são motivos para virem à consulta e garantir que têm acompanhamento para fazerem escolhas com segurança e a informação correcta dos alimentos que estão a oferecer ao bebé do ponto de vista nutricional”, afirma. Na empresa onde trabalha, a equipa de nutricionistas dá também aulas on-line sobre estas temáticas e existe inclusive um e-book, possível de obter através do link da biografia do Nutrir a Maternidade, que inclui receitas de BLW para recriar em casa, “algo que é muito pedido porque é uma dificuldade dos pais que não têm ideias sobre o que colocar no prato”.

Marta Gorgulho gosta muito destas formas de “fazer chegar a informação às pessoas” e da partilha que se gera entre a comunidade médica e as famílias e, de futuro, deseja que se “fale cada vez mais destes temas porque têm um impacto muito grande na saúde das futuras gerações, nomeadamente a criação de bons hábitos alimentares, é uma questão que não podemos excluir quando falamos de alimentação, a relação das pessoas com a alimentação, a tranquilidade e felicidade de comer, esse é um dos pilares da minha actuação”, frisa, sobre uma base que “pode ser construída se o bebé for respeitado na alimentação. De resto, quer apenas “continuar a ajudar famílias em consultas e nas redes sociais” no mundo da nutrição materno-infantil.

Marta Gorgulho,
Nutricionista materno-infantil

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