Anabela Lopes aproveitou a licença de maternidade do segundo filho para procurar um novo caminho a nível profissional. Curiosamente, nunca tendo tido interesse pela costura, área à qual a mãe se dedicava, resgatou essa arte e empenhou-se em desenvolver as noções básicas que tinha para experimentar uma panóplia de produtos diferentes. Já vendeu dezenas de produtos desde então, através da sua loja on-line da Etsy, e começa a sonhar com uma loja e atelier físico e um mundo onde a True Colours Handmade possa ser uma marca nas bocas de toda a gente.
“A ideia surgiu na altura em que me preparava para entrar em licença de maternidade do meu filho mais novo e não queria ficar um ano inteiro em casa a ser ‘apenas’ mãe. Senti que era a altura ideal para começar algo que, eventualmente, pudesse vir a ver um projecto a tempo inteiro”, conta Anabela Lopes, a jovem portuguesa, a residir em Inglaterra, por trás das roupas e acessórios True Colours Handmade. A pesquisa por um novo caminho, que envolvesse um projecto que “pudesse ser executado em casa e fosse de encontro aos gostos e qualidades” da empreendedora, acabaria por levá-la a esta área que, curiosamente, nunca lhe despertou interesse antes. “A minha mãe é costureira e por isso cresci no meio de tecidos, linhas e máquinas, mas nunca tive grande interesse pela costura nem nunca vi a costura como um potencial projecto”, confessa Anabela Lopes.
A vida tem, no entanto, os seus próprios planos, e estas “noções básicas” de costura foram “essenciais” para a nova jornada. Começou por colocar à venda uma saia de pregas feita com os primeiros tecidos que comprou, mas a estreia nas vendas viria com uma “manta de etiquetas para bebé” na plataforma Etsy, onde tem a sua loja on-line. Hoje, entre tantas peças de roupa e acessórios que faz por encomenda, consegue dizer que os best-sellers são “as malhas. Desde que comecei a fazer malhas, ganhei muito mais visibilidade. Macacões, calças e leggings, vestidos, saias e t-shirts”, enumera. Não tem grande stock de peças, preferindo fazer à medida que as encomendas chegam, fazendo apenas alguns artigos para ir alimentando a loja como “babetes, mantinhas, porta-moedas, toalhitas de bebé e de rosto reutilizáveis”.
Cor e sustentabilidade
Um projecto cheio de cor, como, aliás, diz o próprio nome da marca. “Queria algo relacionado com cor, porque adoro cor, adoro coisas coloridas e roupa de bebé e criança pode ser um jogo de cores maravilhoso. Como não tenho cor preferida, True Colours fez-me todo sentido”, conta. E com preocupações de sustentabilidade. “Normalmente uso restos de tecidos dos projectos anteriores para fazer, literalmente, o que der. Se um pedaço de tecido for suficientemente grande para um macacão para dois anos, ou para umas calças, é o que faço. O stock de peças que tenho vão desde recém-nascido até dois anos, tudo feito com sobras de projectos anteriores. Aqui em casa não há desperdício de tecido, qualquer pedaço de tecido com pelo menos 12cm já dá para fazer uma toalhita de rosto”, explica.
As clientes dão-lhe alguma liberdade para trabalhar os tecidos, tendo o maior desafio até agora sido vestidos de Halloween. “Nos primeiros, foi-me dada carta branca. A cliente só escolheu o tecido e deixou tudo o resto ao meu critério. Eu sonhei literalmente com o vestido, meti asas de morcego, capucho com orelhas e saia de tule. Deu trabalho, mas o resultado final valeu a pena. Depois destes dois, surgiram encomendas para vários iguais”, diz. Até hoje, as peças que mais a deixam orgulhosa são “os vestidos de roda (de menina e mulher adulta) e os casacos impermeáveis. São peças que dão algum trabalho mas que têm sempre um excelente feedback”, afirma Anabela Lopes, para quem “o melhor feedback é ter clientes que voltam a comprar”.
Loja com atelier no futuro?
Os filhos, especialmente o mais velho, gosta de ver a mãe a costurar e pergunta ‘esta roupa é para mim’, mas a empreendedora admite que “em casa de ferreiro, espeto de pau. Os meus filhos não usam muita roupa feita por mim, mas já lhes fiz algumas peças. As últimas foram duas camisolas iguais, com detalhes de armadura”, diz. O apoio da família é essencial nesta jornada. “O meu marido dá-me todo o apoio e é sempre o primeiro a ver o resultado final de cada peça. Os meus pais além de gostarem de ver o meu crescimento ao longo dos últimos tempos, felizmente nunca me ‘cobraram’ o facto de eu ter tido a oportunidade de começar com a costura há muitos anos com a ajuda da minha mãe. Não foi por falta de tentativa deles, foi mesmo desinteresse meu. Se a Anabela de agora tivesse dito à Anabela de há 10 ou 20 anos que eu ia querer viver da costura, não teria acreditado”, revela. A True Colours Handmade está só a começar e as roupas de bebé já começam a ganhar destaque entre as fiéis clientes, o que permite que Anabela Lopes comece a sonhar com um grande futuro para a marca que criou. “Quero continuar a crescer, chegar a mais pessoas e acreditar mais em mim. Tenho vários projectos em mente, principalmente na área da sustentabilidade e reutilização”, afirma, levantando o véu sobre um projecto que “no longo prazo poderá ter uma loja física com atelier e algum material de costura para venda”.