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Superação é a palavra de ordem de Ricardo Teixeira. Nascido em Moçambique, cresceu nas traseiras do café dos pais, um armazém composto das dificuldades dos ‘retornados’. Aos oito anos, enfrenta um problema de saúde e vê o cabelo a cair em grande quantidade. O karaté foi a porta de saída da mentalidade de “vítima”, ensinando-lhe autoconfiança e controlo mental, ferramentas que mais tarde lhe permitiram chegar ao sucesso nos negócios de software e marketing digital que desenvolveu. Para este empreendedor, “os grandes guerreiros fazem-se”.

A vida de Ricardo Teixeira foi tudo menos fácil. Os pais, emigrados em Moçambique, regressaram a Portugal quando ele tinha apenas dois anos e tiveram de fazer uma escolha difícil. “Os meus pais tiveram de optar entre arrendar um café para fazer dinheiro ou arrendar uma casa, então na zona do armazém do café fizeram os quartos. Lembro-me de juntar três cadeiras para dormir em cima”, lembra. O estigma dos “retornados” era forte e reiniciar a vida “foi duro”. A adicionar a esta luta, Ricardo Teixeira desenvolveu, aos oito anos, um problema de saúde. “O cabelo começou a cair e sofri por ser diferente, as crianças quando vêem algo diferente são cruéis. Mas foi uma fase importante para dar um murro na mesa e começar a treinar artes marciais, algo que foi decisivo no meu percurso”, diz Ricardo Teixeira, sempre tentando ver o outro lado da moeda.

O karaté foi efectivamente uma tábua de salvação. “Transformou-me completamente. Não seria quem sou hoje se não fossem as artes marciais. Aquele mundo abriu-me os olhos, ensinou-me muito e continua a ensinar. Tive a oportunidade de viver com um mestre japonês, visitar muitos países e tudo isso mudou a forma de olhar a vida, tomar decisões, fez-me pensar nas coisas de maneira diferente”, conta. Antes, era um “miúdo introvertido, inseguro, com uma mentalidade de vítima, de sobrevivente” e é notória a evolução daquele jovem até ao adulto em que se tornou. “Hoje em dia sou o contrário, sou extrovertido, falo para milhares de pessoas, houve até uma altura em que tinha excesso de confiança”, diz, rindo. Aprendeu com as oportunidades e também “teve as pessoas certas para o ajudar. Trabalho com pessoas de topo mundial ao nível do marketing on-line, não só são excelentes empresários e profissionais naquilo que fazem, mas também excelentes pessoas, que se preocupam com os outros, que têm uma mente abundante”, afirma.

Basta de meios-termos, adeus cabelo

Aos 20 anos, cansado de lidar com a maior ou menor queda do cabelo, decidiu eliminar o mal pela raiz. “Já só tinha alguns pedaços de cabelo e olhava para mim e não gostava, achava que não fazia sentido, então rapei, foi de um dia para o outro, e gostei muito”, conta. Nessa altura, já tinha conquistado o título de campeão mundial de karaté e começava a apostar em trabalhos informáticos para pessoas próximas, como “passar teses a computador, processamento de texto. Queria ganhar o meu dinheiro para pagar as minhas coisas porque os meus pais não tinham essa possibilidade”, diz. Deu aulas de artes marciais, foi segurança em discotecas, guarda-costas, até que acaba a licenciatura e se deixa convencer pela mãe a procurar um “emprego seguro. Eu já andava com a ideia de ter uma empresa mas ela descobriu no jornal que havia um lugar no Instituto Nacional de Estatística (INE) como programador e convenceu-me a concorrer”, revela. Ricardo Teixeira, mais do que a oportunidade, entusiasmou-se pelo “desafio” de concorrer contra 300 pessoas. “O processo de selecção foi complexo, passei pelas várias etapas e fui seleccionado. 10 meses depois estava a pedir a demissão”, afirma, sorrindo.

Como assim? “O horário era até às 17h30 e a essa hora, para mim, ainda parecia que o dia ia a metade, não fazia sentido ir para casa. Acabava por ficar mas sentia algum desconforto por parte dos meus colegas, mesmo o responsável por fechar a porta ficava à minha espera. Estava a desenvolver um projecto do Eurostat com pessoas de outros países e isso deu-me alento para ficar mas quando o projecto terminou percebi que não era aquilo que eu queria, montei a minha empresa de software na marquise dos meus pais e quando consegui assegurar uma boa carteira de clientes e comecei e ver que já não tinha tempo para tudo, demiti-me do INE”, conta. Para Ricardo Teixeira, “era uma decisão inadiável, ia acontecer seis meses ou um ano depois, era uma questão de timing”.

“Todos os dias aprendo algo novo ou tento melhorar-me”

Com 24 anos e a viver em casa dos pais, o empreendedor achou que o risco compensava. “Se alguma coisa não corresse bem, não ia ficar na rua”, afirma, confiante nos clientes que estava a angariar e sem se preocupar muito com a quebra salarial que inevitavelmente enfrentou. O risco acabou por dar frutos e o negócio prosperou. “Felizmente, tive muitos momentos gratificantes. Destaco sobretudo as pessoas que tive a oportunidade de conhecer. Falo diariamente com pessoas do topo do marketing digital, é um privilégio. Conhecer essas pessoas tem sido alucinante. A primeira vez que conheci um bilionário, em 2014, em Londres, fiquei surpreendido. As pessoas de um determinado nível pensam de forma diferente e por isso desde 2017 entrei numa jornada pessoal em que todos os dias tento fazer uma coisa nova, melhorar-me a mim próprio. Se nos desenvolvermos enquanto pessoas, o negócio vai atrás”, afirma.

Isso não significa, porém, que não tenha havido momentos difíceis. “Em 2003, fiz uma jogada arriscada. Comecei a vender um produto de software de gestão e facturação e queria lançá-lo no mercado com grande impacto, mas não tinha dinheiro para um impacto do ponto de vista do marketing e publicidade, então tive a ideia de o vender nos quiosques. Existem 15 mil pontos no país e havia o hábito de as pessoas irem ao quiosque comprar o jornal, eram espaços com grande visibilidade, achei uma estratégia interessante. Consegui um contrato de distribuição, avancei para a distribuição do software e vendemos muito, perto de meio milhão de euros, mas… eu não recebi esse dinheiro”, revela Ricardo Teixeira, confessando que cometeu “um erro ingénuo de empreendedor. Meti os ovos todos no mesmo cesto. Os quiosques pagavam à distribuidora e esta pagava-me a mim, mas já quando contratualizei com a distribuidora ela não estava bem financeiramente. O que acontece foi que eu tinha muitos clientes mas não tinha dinheiro porque a distribuidora faliu. Foi um momento muito complicado, tinha 12/13 pessoas comigo, tinha feito outros investimentos a contar com aquele retorno financeiro e de repente não podia pagar a fornecedores, tinha contas negativas nos bancos, vi-me numa grande alhada. A certa altura, estava com 70 mil euros negativos e não sabia como ia sair dali”, relembra.

Grande controlo mental e ajudas em momento difícil

Salvou-o o “grande controlo mental” que adquiriu com as artes marciais, que lhe permitiu evitar insónias e noites mal dormidas, e amigos que “injectaram algum oxigénio” e uma segunda hipoteca à casa dos pais. Tomou decisões difíceis como “não pagar determinados impostos que pagou mais tarde com multas”, leu o livro ‘Getting Everything You Can Out of All You’ve Got’ de Jay Abraham e começou a apostar num “marketing diferente. A pouco e pouco começo a vir à tona da água e quando consigo finalmente respirar vêm as Finanças para pagar os três anos de impostos em atraso”, refere. Aí, Ricardo Teixeira percebe que precisava de mais do que as vendas de software em Portugal e lança-se para mercados como Angola, Moçambique, Macau, Cabo Verde, Espanha. “A coisa começa a virar”, afirma. Tudo isto ensinou-o que mais do que ser resiliente é preciso “fazer o que tem de ser feito e sobretudo saber vender. A resiliência é quando há uma perturbação mas o objecto volta para a mesma forma, mas aqui quando sofremos não voltamos a ser iguais, ficamos mais fortes ou desistimos. Um dos meus mestres japoneses dizia-me ‘quitting is not an option’ e aplico sempre essa frase. Quando entrei em falência, podia ter fechado a empresa e aberto outra, não tinha qualquer problema, mas o meu valor mais alto é a honra, ia deixar algumas pessoas na mão e não me ia sentir bem para o resto da vida”, explica.

Se pudesse voltar atrás, o que gostava de ter sabido? “Adorava ter tido um mentor que já tivesse feito o caminho. Andei sempre a bater com a cabeça nas paredes, em tentativa-erro. Tive algumas pessoas que me ajudaram pontualmente, mas ninguém para me aconselhar e incitar a ponderar ou a mudar de rumo”, salienta. Gostava, também, “de saber o marketing que sabe hoje. Muitas vezes os empreendedores quando começam a vender sentem-se desconfortáveis. Eu quando vendo sei que o que eu estou a vender vai ajudar alguém, a pessoa vai ficar ainda mais contente do que eu, vou ajudá-la a ter resultados se a pessoa se empenhar. Vender é servir e muitos empreendedores não percebem isso porque não estão dentro de um ambiente com pessoas que os puxam para cima”, aponta. Além disso, há ainda muitos mitos sobre o empreendedorismo. “As pessoas acham que a maior parte dos empreendedores ganha muito dinheiro. O que não sabem é que principalmente nos primeiros anos ganha-se menos do que as pessoas que se contrata”, refere.

Sociedade não incentiva empreendedorismo

A própria sociedade, diz Ricardo Teixeira, pela forma como está montada, “não estimula para sermos empreendedores. Não somos treinados para ser empreendedores, somos programados para ser executantes. Uma campainha que toca, sentados todo o dia, só podemos falar quando nos deixam… Nada é estimulado, nem o erro. Quando alguém teve uma empresa e faliu, fica com um estigma muito grande; noutros países isso não acontece”, refere. Ricardo Teixeira acredita que todo o seu percurso o preparou para ser o líder que é hoje. “Os grandes guerreiros fazem-se. Mesmo pessoas que não são guerreiras, no momento da adversidade transformam-se. Eu fui chefe de patrulha nos escuteiros, delegado de turma, e todos esses cargos de liderança começaram a despertar em mim um sentimento, aliado a que os meus próprios pais já eram empreendedores, de que queria ser dono da minha vida. Não há nada de mal em trabalhar por conta de outrem mas existem limitações, estamos dependentes. Tentei sempre rodear-me dos melhores e o facto é que quando estive rodeado dos melhores no mundo das artes marciais, tornei-me campeão. Quando comecei a ter melhores empreendedores e melhores marketeers ao meu lado, tornei-me melhor”, afirma.

Durante a entrevista, ouvia-se no fundo o barulhinho dos dois filhos gémeos de Ricardo Teixeira que, naquele dia, estavam doentes em casa. Também eles nasceram de uma batalha demorada feita de muita persistência. Ricardo casou com a esposa Patrícia em 2005 mas tiveram de esperar 10 anos, com “muitos tratamentos físicos e espirituais” pelo meio, para que ela conseguisse engravidar. Hoje, Ricardo Teixeira pode dizer que tem muitos dos seus objectivos cumpridos, até um negócio de eventos e mentorias on-line que, desde 2016, “ajuda empreendedores a crescer os negócios utilizando o marketing on-line”, com um registo de participações de 85 mil pessoas. Anualmente, organiza o “maior evento de Marketing Digital”, o Kiai Digital Challenge, que traz “a nata da nata” do marketing digital. “Este ano o evento realiza-se de 12 a 14 de Novembro, já temos 2000 inscrições, e os palestrantes todos juntos representam mais de 2 biliões de dólares em facturação”, refere. Metas futuras? “O principal objectivo para os próximos dois anos é ajudar directamente cinco mil empreendedores portugueses. Associado a esse objectivo, colocar Portugal ao mesmo nível dos EUA ou do Brasil em termos de Marketing. Qualquer empresa com um Marketing forte vai fazer com que a pessoa tenha mais venda, melhor negócio, desenhe uma melhor vida. A vida que criamos é alimentada pelo negócio que temos”, remata.

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