Chamam-lhe a rainha do Do It Yourself, a arte de pegar em móveis, objectos e cantos da casa e dar-lhes uma volta de 360º no aspecto, funcionalidade e estima. Joana Bianchi vem da área das ciências e encontra-se, desde Dezembro, a trabalhar nos EUA em Imunologia no Baylor College of Medicine, mas foi pela partilha no seu Instagram da remodelação da casa da porta amarela, no Porto, que captou a atenção de milhares de seguidores.
“Sempre gostei de ver programas de construção, de casas, obras, mas não tinha casa para experimentar. Quando eu e o meu namorado comprámos casa no Porto, tivemos várias peripécias e acabámos por ter de ser nós a remodelar. Comecei a fazer por necessidade, mas também porque achava piada, senão não faria”, conta Joana Bianchi, a trabalhar em Imunologia no Baylor College of Medicine, nos Estados Unidos da América, mas uma assumida “mestre de obras por diversão.”
No ano passado, em plena pandemia, decidiu, em conjunto com o namorado, remodelar a casa da porta amarela, no Porto, como ficou conhecida entre os seus seguidores. Já tinham trabalhado a cozinha e uma casa-de-banho, até que decidiram que estava na hora de resolver um problema que se arrastava. “Não tínhamos chuveiro há um ano. Aquela casa-de-banho estava péssima, eu recusava-me a tomar banho lá, ia tomar banho ao ginásio. Mas veio a quarentena e o ginásio fechou e nós estávamos a desesperar. Tínhamos a cerâmica, mas não tínhamos quem a colocasse. Decidimos arriscar e eu pensei “tenho mesmo de partilhar isto”. As minhas primeiras stories foram “temos aqui uma casa de banho, vamos partir isto tudo e fazer uma nova”. Nunca tinha feito nada disso, nem pôr cerâmica, nem partilhar coisas nas redes, era aquela pessoa que nem uma foto punha”, conta Joana Bianchi.
Toda a informação disponível on-line
A entusiasta do Do It Yourself (DIY) acredita que a tentar é que se aprende. “Hoje em dia vivemos numa altura em que tudo está no Google ou no Youtube, é só ter paciência para procurar, perceber e aprender. Há pouca coisa que não se consiga fazer”, realça. Só tem pena, diz, de não ter começado a filmar desde o início. “Quando comecei a partilhar, já tínhamos feito muita coisa. E começámos por desespero, ninguém aparecia, quando faziam ficava mal, então nós fomos fazendo. Entretanto, surgiu a oportunidade de vir para cá, para os Estados Unidos, e nos últimos meses não fazia mais nada de manhã à noite a não ser tratar da casa, foi muito cansativo, porque queríamos coloca-la no Airbnb. Mas correu bem, acabámos e temos casa cheia!”, diz, orgulhosa.
Agora, dedica-se a preencher a casa nova com móveis em segunda mão que aproveita para transformar. “Decoro com móveis que construo ou que vêm da Goodwill, uma loja de doações que vende as peças muito baratas. Consigo fazer isto porque aqui há muito mais opções. A partir do momento em que temos consciência que existe este tipo de peças, perde-se a vontade de comprar móveis novos”, afirma. Entre algumas das experiências, está a mesa de centro que era um galinheiro, a estante que foi cortada e pintada e a mesa de jantar que “herdaram” de um casal português. O que não pode faltar? Plantas. “É algo recente. Antes, não tinha muitas plantas mas quando comecei a coloca-las, na casa do Porto, não parei mais e quando cheguei aqui foi a minha prioridade. Nem é tanto o que trazem, mas quando não as tinha, faltava qualquer coisa, na decoração, na vibe da casa, faz imensa diferença”, salienta.
Autodidacta da construção
Joana Bianchi é uma autodidacta por natureza, que adora aprender seja em pesquisas seja vendo profissionais da área em acção, e tudo à volta dela é sempre um trabalho em construção. “Já quando era miúda mudava o quarto, pintava as paredes, reordenava os móveis. Deixava por um tempo e depois voltava a mudar. Isso é bom porque permite fazer mudanças em casa sem gastar dinheiro”, refere. E para ajudar outras pessoas a dar nova vida às peças que têm em casa, lançou um curso on-line de Transformação de Móveis, que já vai na segunda edição. “Ensino a transformar e explico o que é necessário para o efeito. A maioria das perguntas que recebia era “tenho este móvel, o que posso fazer?”. Eu sabia que havia pessoas a precisar e uma coisa era explicar o que eu fiz, outra é dar formação para as pessoas conseguirem sozinhas perceber o que podem fazer”, afirma. Sempre que as inscrições abrem, Joana Bianchi anuncia e coloca o link na sua biografia do Instagram.
Além deste, gostaria de fazer uma Introdução ao DIY, em que falasse de todas as ferramentas e aprofundasse conhecimento, mas ainda há que trabalhar a ideia e continuar a projectar tantas outras que gosta de debater com o namorado, entre sonhos e planos de um regresso a Portugal. Para já, assume o mote “go with the flow” e continua sem medo de experimentar o que não conhece. “Quando comprámos a casa no Porto, comprei logo uma serra porque sabia que queria deitar paredes abaixo. Tinha medo mas comecei e no final era sempre eu que ia cortar. Devemos tentar e arriscar, o pior que pode acontecer é ter de fazer outra vez”, remata.
