Maria Gonçalves é um nome sonante quando se fala de empreendedorismo, não só pelo seu próprio percurso no Marketing Digital, mas também pelos cursos e constantes dicas nas páginas que criou que ajudam dezenas de empreendedoras no país a tomar a mesma decisão que ela tomou há alguns anos.
“Em 2017 estava grávida e o meu contrato não foi renovado quando chegou a altura de ir de licença de maternidade. No início, não tinha planos para criar um negócio próprio, mas depois de o meu filho nascer percebi que não queria deixá-lo no infantário com meia dúzia de meses, queria ficar em casa com ele pelo menos no primeiro ano, mas financeiramente isso não era possível se eu não tivesse algum rendimento. Assim decidi voltar a pensar em empreender e iniciei o projeto que hoje é a marca Maria Gonçalves”, conta à Magafone a empreendedora. A perspetiva não a assustou, “pelo menos não foi mais assustador do que voltar ao trabalho e deixar o meu filho tão pequeno num infantário. Fui fazendo, dia-a-dia, sabendo que aquilo era a única coisa que eu tinha e por isso não havia margem para grandes falhas, o dinheiro tinha de aparecer no fim do mês”, salienta.
O empreendedorismo não era, contudo, um caminho completamente novo. Em 2016, Maria Gonçalves já tinha tentado seguir esta via, montando um negócio próprio. “Antes disso já tinha um blog e já ganhava algum dinheiro com ele, com publicidade, mas não me considerava uma empreendedora. O primeiro negócio, em 2016, não foi para a frente precisamente por ter descoberto que estava grávida e, sem grande conhecimento deste mundo, fiquei assustada e decidi encontrar um ‘emprego estável’. O que acaba por ser irónico porque esse ‘emprego estável’ não foi a rede de segurança que eu esperava quando fui de licença de maternidade”, lembra.
A procrastinação é o maior obstáculos dos empreendedores
O mais difícil em lançar-se novamente por conta própria foi o facto de ter de conciliar o projeto com o bebé ainda tão pequeno. “Trabalhar com um bebé em casa, ser mãe a tempo inteiro e ainda criar algo do zero foi bastante desafiante. Tive de pensar muito bem no meu modelo de negócio e criar rotinas bem estabelecidas para que fosse possível fazer tudo”, aponta. O maior obstáculo? “A procrastinação. Não tendo a quem reportar, é muito fácil ‘deixar para amanhã’. Ter a disciplina e o foco para fazer acontecer coisas é a parte mais desafiante e é o calcanhar de Aquiles de muita gente. Muitos negócios falham, ou não aproveitam oportunidades de mercado, precisamente pela preguiça dos empreendedores”, sublinha.
Atualmente, Maria Gonçalves dá formação e mentoria a empreendedoras para que as consiga ajudar a percorrer o caminho que ela já fez. “O foco e a disciplina batem qualquer talento. Fazer pouco é melhor do que não fazer nada. A única forma de ter sucesso é fazer até dar certo, não desistir nunca, tentar todos os caminhos possíveis até que as coisas funcionem como queremos”, revela, das lições que foi aprendendo. Conselhos para quem vem agora para este mundo? “Não adiem o começo e esqueçam os perfeccionismos. A única forma de criar coisas extraordinárias é, primeiro, criar coisas medíocres. A experiência ganha-se com a repetição e consistência, ninguém vai ficar experiente se nunca lançou nada. E nada é imutável. Avancem sem medos”, remata.