A editora Guerra e Paz figura no seu catálogo do mês de Dezembro uma obra do vencedor do 1.º Prémio Literário UCCLA, que nos traz desabafos exuberantes do quotidiano sobre problemas comuns, e outra que versa uma problemática urgente, explorando a fundo o tema das alterações climáticas, no espectro presente, passado e futuro.

Era Uma Vez Um Homem, João Nuno Azambuja
“As palavras irrompem autenticamente como punhais”, diz Miguel Real na contracapa e não poderia haver melhor descrição para este ‘Era Uma Vez um Homem’, o primeiro romance de João Nuno Azambuja, vencedor do Prémio Literário União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa. Ao longo de sete capítulos, que correspondem aos sete dias da semana, o autor leva-nos numa viagem transcendente pela vida, emoções e pensamentos deste homem no que se assemelha a desabafos desenfreados como “As pessoas têm filhos porque querem quem lhes ampare o futuro e lhes trate da velhice” ou “Os nomes perderam significado, somos um país de números”. Revemo-nos, no entanto, em muitas destas tiradas, como acontece com “No fundo é para isso que se nasce, para servir os interesses de quem nasceu primeiro” e “A eternidade dura tanto tempo quanto se aguenta na memória”, vendo o homem deste livro lutar contra inimigos como “as Finanças e o Governo” mas em última análise “um inimigo, um só, a Humanidade”. Com João Nuno Azambuja, aprendemos que “para desprezar é preciso ter poder” e que muitas vezes “uma pessoa faz tanta falta neste mundo como uma folha caída da árvore faz falta no chão em pleno Outono”. Um romance de emoções fortes, ditas e provocadas, que traz conclusões inesperadas: “Se o amor tivesse alguma força, não seriam precisas religiões, nem polícia, nem regras morais, nem governos a viver à custa da imbecilidade do povo”.

A Missão das Cidades no Combate às Alterações Climáticas, Jorge Cristino
Com um vasto currículo na área do ambiente e desenvolvimento sustentável, Jorge Cristino aproveita a investigação realizada e a dissertação de mestrado para lançar ‘A Missão das Cidades no Combate às Alterações Climáticas’. Através de uma linguagem acessível e elucidativa, o autor proporciona uma extensa aula sobre a temática, enquadrando passado, presente e futuro. “Sabemos que não há estruturas de governação mundial e o combate das nossas vidas, as alterações climáticas, ganharia muito se aquelas existissem”, lemos no prefácio do Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, ficando desde logo com a plena noção que “o ritmo a que nos movemos não é suficiente” pois “o ritmo da extracção e consumo é superior ao da regeneração natural”. Jorge Cristino aponta, neste livro, a importância da “economia circular” e a implementação de várias estratégias já implementadas como a reciclagem e reutilização de materiais, novos materiais mais abundantes, a reabilitação ambiental ou a preocupação global com a produção energética assente em fontes de energia renováveis. “Nas últimas décadas, os problemas ambientais tomaram a forma de um interesse efectivamente global, mas a Natureza continua a ser alvo de ataques por parte dos desvarios do comportamento e da acção da Humanidade”, alerta, enumerando vários efeitos já notórios das alterações climáticas, como inundações, incêndios e catástrofes naturais, com números exactos da problemática, e deixando a mensagem que “os poderes públicos em cooperação com os privados deverão conduzir uma transição para o futuro sem que a humanidade exija mais do que os ecossistemas da Terra podem regenerar, ao mesmo tempo garantindo as legítimas aspirações de uma população em expansão, a eliminação gradual da utilização dos combustíveis fósseis nas próximas décadas e protegendo a integridade dos ecossistemas e da biodiversidade do planeta”. Actuar, diz Francisco Ferreira no pósfácio, para “assegurar um melhor futuro comum com melhor bem-estar e qualidade de vida para todos”.