A editora Guerra e Paz figura no seu catálogo do mês de Outubro uma obra de um gestor potuguês e outra de um físico sueco. A primeira apela ao sentido de humor do leitor através de uma viagem cómica pela História de Portugal e a segunda conjuga física e filosofia numa reflexão sobre as questões importantes do Universo em que vivemos.
História de Portugal à La Carte, António Botto Quintans
Qual o resultado de pegar nos reis e demais personagens da História de Portugal e colocá-los em diálogos com as personalidades do Jet 7 português da actualidade? ‘História de Portugal à La Carte’. António Botto Quintans lança novo livro, uma conjugação inesperada entre história e humor, com um desfile pelos séculos dos vários reinados portugueses enriquecidos com as marcas, comidas, músicas, personalidades, lugares, que todos conhecemos da nossa vida diária. Nesta aventura de “fazer rir com a História”, lemos sobre a prisão de D. Teresa de Leão e o seu desespero quando lhe entregam um Bollycao sem brinde, lemos sobre D. Afonso Henriques a comprar caramelos em Espanha, lemos até sobre a camisola amarela da Volta a Portugal usada por D. Sancho I. Não falta nada neste livro, nem os “pratinhos de caracóis, pastéis de bacalhau, croquetes” e uma sapateira recheada, nem o diálogo adaptado da Ferrero Rocher para uma pizza desejada, entrando também os ovos moles de Aveiro, o famoso “o algodão não engana”, guerras agendadas, calças de fazenda e todas as cerimónias que acabam no restaurante da Tia Matilde. A cultura geral portuguesa tem porta de entrada nesta viagem humorística em que recordamos factos que já sabíamos, rimos com aqueles que foram inventados e ficamos surpreendidos com os restantes. Em ‘História de Portugal à La Carte’, percebemos a riqueza do passado de uma nação através de uma leitura fácil que inclui tesourinhos nas notas de rodapé e algumas gargalhadas à mistura.
O Mundo Como Ele É, Ulf Danielsson
Uma incursão pelo mundo e mente de um físico é o que nos traz ‘O Mundo Como Ele É’ de Ulf Danielsson. Com uma linguagem relativamente acessível, este livro deve ser desfrutado com tempo para reflectir em algumas das premissas exploradas pelo autor. Há comparações entre Matemática e Deus, Física e Biologia, conceitos como geografia especulativa, realismo metafísico e zombies filosóficos, há até o mote ‘Cala-te e Calcula’. Torna-se interessante perceber os conflitos que o autor enfrentou ou enfrenta na sua profissão, conflitos esses que ele aborda através da confrontação entre a perspectiva de autores reconhecidos e a sua própria perspectiva pessoal, com frases que ficam como “Num mundo repleto de surpresas e regras desconhecidas, é preciso ser-se curioso para sobreviver”. Ulf Danielsson questiona se a matemática é universal ou se sequer existe, atira que “nunca se pode confiar na ciência”, explica que “existe muito mais do que aquilo que conhecemos até agora” e debruça-se sobre “o mundo em que julgamos encontrar-nos é uma ilusão que nós próprios inventamos”. Ainda, muitas confissões surpreendentes: “Sou um cientista, estou habituado a estar errado e devo confessar que a maioria das ideias que tive ao longo da minha carreira, especialmente as mais interessantes de todas, revelaram não ter qualquer valor. A busca pela verdade está repleta de armadilhas”.