Olá MAGAFONE   Click to listen highlighted text! Olá MAGAFONE
  • Please insert widget into sidebar Customize Righ Home 2 in Appearance > Widgets

Ana Corte Real e Marco Rodrigues, naturais das Caldas da Rainha, são profissionais de saúde, mas partilham muito mais do que a área profissional, partilham um bebé de 4 meses, Afonso, e um enorme gosto por viajar. Uma paixão que ocupava todo o tempo livre do casal e que deu o mote para a criação do blogue ‘O Mundo em Duas Mochilas’.

“Sempre gostamos de viajar mas quando nos juntamos esse gosto foi impulsionado”, confessa Ana Corte Real. Depois de muitas viagens por Portugal, começaram a ouvir cada vez mais comentários como “vocês viajam tanto, devem ser ricos. As pessoas não tinham noção que se podiam fazer viagens em conta e nós sabíamos que viajar não precisava de ser caro. Além disso, recebíamos imensas mensagens a pedir dicas de viagens. Então, decidimos que, em vez de estarmos sempre a repetir as mesmas coisas, devíamos escrevê-las e assim começou”, conta Marco Rodrigues sobre aquele que foi o início do blogue ‘O Mundo em Duas Mochilas’.

Estavam, nesse momento, alojados em Manteigas quando aprimoraram a ideia e o nome da página. “Partilhávamos com os nossos familiares, amigos e pessoas mais próximas; nunca pensámos que íamos ter tantas pessoas a aderir”, confessa Ana Corte Real. Com o blogue, foram conhecendo muitos viajantes. Dá-nos um gosto especial todas as pessoas que já conhecemos através disto, com gostos em comum, que acabam por entrar no nosso mundo e nós no delas, e algumas deixam de ser apenas amizades virtuais”, diz Marco Rodrigues. “Identificamo-nos com elas, trocamos experiências… Não era o intuito inicial mas acabou por resultar assim”, acrescenta Ana Corte Real.

Dormir no sopé de um vulcão

A primeira viagem a dois para fora do país foi com destino a Cabo Verde, terra que Ana conhecia bem, dado ter passado parte da sua infância lá com os pais, e na qual se encontrava, em 2013, a fazer um estágio profissional. “Tínhamos começado a namorar há pouco tempo e ele foi lá ter comigo. Foi uma viagem muito intensa, mostrei-lhe o que conhecia e fomos à ilha do Fogo. Subimos o vulcão do Fogo e foi uma experiência… espectacular”, lembra Ana Corte Real, com um brilho indisfarçável nos olhos. Uma memória que “nunca mais vão esquecer. Não havia luz depois das 22h00 e foi talvez o céu mais estrelado que já vimos até hoje. Via-se a sombra enorme do vulcão”, recorda. “Chegámos de noite e eu não tive percepção do que me rodeava. A imagem que guardo é essa mesma, do vulto preto abismal que estava a cortar o céu estrelado. Mas quando acordámos de manhã e percebo realmente onde estamos, no sopé do vulcão, parecia que tinha acordado num planeta à parte”, diz Marco Rodrigues.

Desde então, já percorreram juntos mais de duas dezenas de países. Destacar algum é “uma tarefa ingrata”, salientam, mas a Islândia está, definitivamente, no topo da lista. “Há um pelo qual somos apaixonados e foi dos poucos países que repetimos: Islândia. Tanto numa visita como na outra, em épocas do ano diferentes, foi completamente arrebatador. Não foi a viagem mais completa que fizemos, mas aquela Natureza… vê-se em poucos sítios do mundo”, afirma Ana Corte Real, e Marco Rodrigues explica: “Natureza no seu estado mais puro. Lembro-me que fugimos ao roteiro turístico e à confusão, estávamos na zona de Mivati, havia um cone vulcânico, todo coberto de neve, e nós fomos os dois sozinhos subir aquele vulcão. Demos por nós no cume e só ouvíamos o vento, o silêncio. Na Islândia, por mais do que uma vez, conseguimos ouvir o silêncio, é uma energia que não dá para explicar, vem da Natureza”.

Nas “viagens mais completas”, os dois mochileiros elegem o Japão e a Indonésia, nesta última, mais especificamente, Bali. “Além da envolvência e do que fomos vendo que nos arrebatou, completaram-nos as pessoas, o calor das pessoas”, diz Marco Rodrigues. “E a cultura e a gastronomia”, acrescenta Ana Corte Real. Apesar de ser, hoje em dia, considerado um “local turístico”, os dois não esquecem o “banho espiritual” que levaram em Bali. “Não houve uma só pessoa que fosse indelicada. Muito boa onda, levam muito a sério a história do karma, gostam de dar porque acreditam que vão receber em troca”, referem.

T-shirts anti-máfia e códigos antigos do quarto

Em tantos países visitados, há mais do que fotografias e souvenirs na bagagem, há também algumas peripécias. “Uma das piores que nos aconteceu foi na Sicília. Na viagem, fizemos escala em Roma e, devido à rotatividade que tem o aeroporto de Roma, as malas ficaram lá. Chegados a Palermo, tivemos de aguentar três dias sem malas e só íamos com a roupa que tínhamos no corpo”, conta Ana Corte Real. Sempre a correr para o aeroporto para saber das malas, nem conseguiram desfrutar da viagem e, sobretudo, viram-se obrigados a preencher o guarda-roupa com um artigo… inusitado. “Tivemos de ir comprar roupa mas tudo o que víamos eram lojas de marcas de luxo, Gucci e afins, até que avistamos uma loja que tinha uma t-shirt preta, a 10€, com uns dizeres em italiano. Ingénuos, nem fomos ver o que aquilo queria dizer. Na última noite, percebemos que andávamos, em Palermo, capital da máfia, com um slogan do movimento anti-máfia nas t-shirts”, conta Ana Corte Real.

Marco Rodrigues recorda outra história, na Islândia, quando voltaram ao mesmo hotel em que tinham estado na primeira vez que visitaram o país e se aperceberam que, no sistema de self check-in, os códigos não são alterados ao longo dos anos. “Uns dias antes, recebemos um e-mail com as indicações, códigos e o quarto em que íamos ficar. Quando chegámos ao hotel, eu abri o e-mail errado, da primeira viagem, entrámos no quarto e eu começo a dizer ‘que pontaria, ficámos no mesmo quarto do ano passado’. Mas eis que começo a lembrar-me que o quarto era diferente na fotografia e depois percebi que não era aquele e-mail e que eles não mudam os códigos dos quartos. Tínhamos entrado num quarto que não era o nosso”, afirma. “Se tivesse alguém na cama ou a tomar banho tinha corrido mal”, acrescenta Ana Corte Real.

Viagens canceladas e um bebé

Em 2020, queriam ir à Nova Zelândia e à Escócia mas… Covid-19. “Mais do que o não poder viajar, foi a pressão por sermos da área da saúde, a carga extra de trabalho. E, depois, engravidei”, diz Ana Corte Real. Optaram, então, por “viagens cá dentro. Mudámos o nosso estilo de viagem, fomos para alojamentos mais pequenos, levámos coisas de casa em vez de ir a restaurantes, aproveitámos bastante e conhecemos muito do país”, refere a viajante. Ficaram “fãs da Serra da Estrela”, onde agora vão com frequência, e fizeram o percurso da EN2. “Foi uma viagem que nos preencheu bastante. Sentimos um calor muito grande ao longo da EN2, o espírito foi incrível. Conhecemos pessoas com quem ainda hoje trocamos mensagens, que nos marcaram. Não somos escritores, mas até nos deu para escrever no blog um diário de bordo, em que fomos partilhando o que íamos vivendo, sentindo, as histórias”, diz Marco Rodrigues

Em breve, juntar-se-ia a esta dupla uma terceira mochila, o pequeno Afonso, agora com quatro meses. “Sempre ouvimos dizer ‘aproveitem agora porque quando tiverem um bebé…’, mas nós somos do contra e detestamos rótulos e preconceitos. Testamos o bebé, para perceber como se ia comportar, em escapadinhas de 1 ou 2 dias. Correu muito bem. Este bebé dorme muito pouco cá em casa mas em viagem faz uma cura de sono como se não houvesse amanhã”, diz Ana Corte Real, entre risos. Perceberam o que funcionava, arranjaram estratégias, como por exemplo encaixar as sestas nas viagens de carro mais longas, e graças ao Afonso descobriram sítios não planeados. “Por causa das pausas que necessariamente temos de fazer por ele, conhecemos sítios que não estavam nos planos. De repente, damos com uma praça fantástica, uma igreja lindíssima… Ele tem dado umas dicas engraçadas, não sei que GPS tem integrado, mas está com umas actualizações giras”, brinca Marco Rodrigues.

A pouco e pouco, vão “estendendo as viagens” e a próxima durará 10 dias, com destino aos picos da Europa. “Não será tão intenso e ambicioso como costumamos fazer, mas não deixamos de ir. Estamos a viajar mais devagar mas a aproveitar mais os sítios onde paramos. Acordamos mais cedo e vemos mais nasceres do sol, temos apreciado momentos maravilhosos”, diz Ana Corte Real. Mesmo que, devido à tenra idade, Afonso não se lembre mais tarde destas viagens, Ana e Marco desfrutam de vê-lo reagir com entusiasmo a um céu de guarda-chuvas, em Águeda, ou a colocar os pés num riacho em Figueiró dos Vinhos. “É engraçado ver estas reacções, proporcionar este tipo de experiências, ver como ele reage em ambientes e a estímulos diferentes, é importante para o desenvolvimento dele”, afirma Ana Corte Real. Mais tarde, salientam, as viagens ajudarão na criação de valores essenciais. “É uma das maiores heranças que lhe podemos deixar, este tipo de experiências. Nesta fase, tem a ver com estímulo. Mais para a frente, valores, como a tolerância, perceber que existem pessoas e formas de agir e pensar diferentes, aprender a lidar com o outro, a retirar coisas de outras culturas e transpor para a sua, são ferramentas muito importantes. Sempre que vamos viajar, voltamos um pouco diferentes”, refere Ana Corte Real.

Deixe Comentários

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Carrinho
  • Ainda sem produtos no carrinho.

O nosso site utiliza cookies, portanto, coleta informações sobre a sua visita a fim de melhorar a qualidade dos nossos conteúdos para o site, redes sociais e aúncios. Consulte nossa página cookies para obter mais detalhes ou clique no botão 'Aceitar'.

Configurações de cookies

Abaixo, pode escolher os tipos de cookies que permite neste site. Clique no botão "Guardar configurações de cookie" para aplicar sua escolha.

FuncionalO nosso site usa cookies funcionais. Esses cookies são necessários para permitir que nosso site funcione.

AnalíticasO nosso site usa cookies analíticos para permitir a análise de nosso site e a otimização para efeitos de usabilidade.

Redes SociaisO nosso site coloca cookies de redes sociais para mostrar conteúdo de terceiros, como YouTube, Instagram, Twitter e Facebook. Esses cookies podem rastrear seus dados pessoais.

PublicidadeO nosso site coloca cookies de publicidade para mostrar anúncios de terceiros com base em seus interesses. Esses cookies podem rastrear seus dados pessoais.

OutrosO nosso site coloca cookies de terceiros de outros serviços de terceiros que não são analíticos, média social ou publicidade.

Click to listen highlighted text!