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Jornalista, escritora e fotógrafa, Marta Curto aventura-se agora no mundo dos workshops on-line dedicados a uma faixa etária que ainda tem pouca oferta de formações de escrita. ‘Escreve Sem Medo’ é o mote para uma série de programas que vai ensinar jovens dos 12 aos 20 anos a escrever um livro, escrever para redes sociais, escrever livros infantis, entre tantos outros mundos por explorar.

Marta Curto escreve desde que se lembra. “A escrita é a minha pele”, confessa, revelando que “especialmente na adolescência foi muito importante porque era bastante tímida, fechada. Fui vítima de bullying e a escrita era uma porta para um mundo que eu criava, com as minhas regras e personagens”, recorda. As histórias nada tinham a ver com a sua realidade mas ajudaram a potenciar a paixão pela escrita. “Eu queria duas coisas na vida: viajar e escrever. Ser jornalista juntava as duas, era perfeito. Fui jornalista de imprensa durante muitos anos, trabalhei em Portugal, em Macau, em Moçambique”, enumera.

Mas ainda faltava um sonho: escrever um livro. No caso de Marta Curto, foram dois. “Publiquei dois livros e estou na recta final para o terceiro”, revela. O primeiro, uma história verídica, apresenta um rapaz de seis anos com um tumor no cérebro que recupera da cirurgia com a ajuda de uma cadela, Chiva. “Ela ajuda-o a gostar mais dele próprio, a aceitar-se, sem julgamentos, os animais têm esse poder de nos amar sem exigências”, diz Marta Curto, adiantando que adorou escrever o livro porque “aliava a parte jornalística à escrita”. O segundo livro nasceu em Macau, um romance histórico, que levou um ano e meio de investigação para finalizar. “Em Macau, a maior parte das coisas estão em mandarim, não foi fácil”, recorda.

Fotografia sempre a chamar

Uma vozinha, bem lá no fundo, teimava em insurgir-se, mesmo com tantos projectos já na bagagem. “Sempre adorei fotografia e como jornalista sempre trabalhei com fotógrafos. Com 39 anos, tive um filho e queria uma vida diferente, a fazer aquilo que eu queria e que me apaixonava, com controlo dos meus horários, e a fotografia estava sempre a dar sinal. Avancei, fiz vários cursos, fotografei muito e lancei agora a minha marca, dividida em Photo e Graphy”, explica. Toda a marca serve o mesmo propósito: empoderamento. “Acredito que a resposta e a força estão dentro de nós, não são as circunstâncias que nos dão esperança e optimismo, somos nós. Quanto mais empoderados estivermos, mais felizes seremos e maior sucesso alcançaremos”, frisa.

Dentro deste novo caminho de aliar o texto e a fotografia, Marta Curto decidiu apostar no talento dos mais jovens. “Um dos projectos da escrita é o ‘Escreve Sem Medo’. Acho que a minha adolescência teria sido mais pobre sem a escrita. É um período altamente desafiante, muitas mudanças a acontecer, medos, fragilidades. Existem vários cursos para adultos, mas não conheço cursos de escrita direccionados para jovens. Eu queria muito partilhar a minha paixão com jovens porque acho que para eles a escrita pode ser importante para ultrapassar esta fase”, explica. Começou por fazer desafios de escrita gratuitos nas redes sociais e a interacção foi maior do que estava à espera. “Comecei logo a receber mensagens, dúvidas e questões, pessoas a mostrarem-me os textos que escreveram, e percebi que havia talentos maravilhosos, miúdos com 16 anos a escrever livros com centenas de páginas”, afirma.

Uma oportunidade para ela enquanto mentora e uma oportunidade para os jovens que “só querem ser lidos, que alguém acredite neles, têm imenso medo do julgamento, imenso medo da avaliação, de não conseguirem. Os workshops foram desenhados a partir do que eu gostaria de ter tido para mim naquela idade e espero que faça a diferença”, afirma. Não promete “grandes escritores nem prémios literários”, mas assegura “realização pessoal, alegria, autoconfiança, segurança na escrita, neles próprios, na forma como vêem o mundo, como se vêem no mundo. Eu vejo miúdos a desabrochar, a florescer, é um processo maravilhoso e fico honrada em fazer parte dele”, salienta.

Momento terapêutico e meditativo

Marta Curto consegue ver que para estes jovens a escrita é “um momento terapêutico, meditativo. Embora tenham receio de verbalizar que gostariam de receber um prémio ou ver um livro publicado, sonham com isso, todos queremos alguém que nos digam ‘escreves muito bem’. Na adolescência, não conseguimos relativizar, as críticas assustam e a validação externa é muito importante”, explica. Com as plataformas digitais, abriu-se um novo mundo para os jovens que mais facilmente e “de forma informal conseguem mostrar o seu trabalho. Há imensas plataformas para publicação de e-books, eu falo nisso nos workshops, até falo nos impostos que têm de pagar, para eles perceberem que isto é uma viagem, há várias coisas a ponderar se se lançarem sozinhos”, afirma.

Apesar de avançar com os workshops on-line, a escritora pretende continuar a realizar com frequência desafios de escrita nas suas redes sociais para que sejam acessíveis a todos. “São desafios de um fim-de-semana, o primeiro que fizemos chamava-se ‘Como encontrar a tua identidade na escrita’ e correu muito bem. Os temas chegam-me das relações que vou formando com eles, através das mensagens privadas da página de Instagram, pedem-me informação, tiram dúvidas”, diz. A partir dessas sugestões, Marta Curto definiu cinco workshops. “Até ao final do ano teremos estes, três dados por mim, dois pela Sara Rebelo da Silva. No próximo ano, temos novos planos porque eles têm sempre ideias”, revela.

Cinco workshops até ao final do ano

Este mês, já começaram quatro workshops. ‘Quero Escrever Mais e Melhor’ é dedicado à criatividade, aos bloqueios na escrita, a criar a estrutura básica de uma história e as personagens. “São exercícios práticos que os atiram para fora da zona de conforto”, afirma a escritora. ‘Quero Escrever um Livro’ é para pessoas que “já sabem o que querem, têm uma história na cabeça e querem desenvolvê-la capítulo a capítulo”. ‘Quero Ser Jornalista’ destina-se sobretudo a futuros jornalistas de imprensa, sendo que Marta Curto confessa que as inscrições são maioritariamente de “raparigas que querem ser jornalistas de viagens”. Orientado por Sara Rebelo da Silva, ‘Como Escrever para Redes Sociais’ ensina a adequar a escrita às redes sociais e às várias plataformas digitais. O último workshop dos cinco, ‘Quero Escrever Livros Infantis’, foca-se especialmente na área da literatura infantil e inicia-se apenas no próximo mês, dia 15 de Novembro.

“Os mais procurados têm sido o ‘Quero Escrever Mais e Melhor’ e o ‘Quero Escrever um Livro’. As vagas voaram muito rapidamente e estou entusiasmada”, confessa Marta Curto. Destes formandos, entrevistámos três jovens com paixão pela escrita. Ana Matilde Barroso, 17 anos, encontra-se a frequentar o curso de Ciências e Tecnologias mas “como adora escrever, não aguentou a curiosidade e decidiu explorar. O que mais me atraiu foi o workshop ‘Quero escrever um livro’ porque é um dos meus maiores sonhos desde pequena”, revela. O entusiasmo para começar o curso era muito e dele a expectativa era “ser mais criativa, saber captar a atenção dos leitores e tocar em cada um dos corações. Quero explorar mais este mundo incrível que é o da escrita, onde podemos ser o que quisermos”, refere. Quando escreve, garante, “senteque se desliga do mundo exterior e se foca apenas nela e no que escreve. É um processo de autoconhecimento, de relaxamento, de produtividade. Não consigo passar muito tempo sem escrever… É como se faltasse uma parte de mim”, afirma.

“Estes projectos oferecem o que muitas escolas não oferecem: oportunidades. Oportunidades de seguir sonhos”

Francisco Simões, de 17 anos, por seu lado, já tem um livro quase finalizado. “Existem várias razões que explicam a minha inscrição, mas a principal é mesmo o gosto pela escrita. A paixão que sinto quando estou a escrever. O programa que mais me atraiu foi o ‘Quero Escrever um Livro’. Na realidade, já estou a trabalhar num projecto, que está quase finalizado, e se tudo correr bem, o próximo passo será enviar a uma editora”, revela o estudante de Multimédia. Com o workshop, espera “acima de tudo ter uma boa experiência e que seja mais um ponto a somar na jornada. Espero conseguir absorver e aplicar tudo o que aprendi”, afirma. Sobre a importância da escrita para os jovens, diz que pode ser uma tábua de salvação. “Acredito que os jovens sejam inseguros. Um pouco perdidos no oceano, enquanto navegam apenas num barco a remos. E um lugar seguro para escrever é sinónimo de sucesso. Ter um sítio onde podem escrever e não serem julgados. Um sítio onde podem divagar e aventurarem-se nos seus mundos fantásticos. E estes projectos criam o que falta: conforto e segurança. Estes projectos oferecem o que muitas escolas não oferecem: oportunidades. Oportunidades de seguir sonhos”, salienta.

Já Margarida Valido, de 20 anos, encontra-se na faculdade a tirar licenciatura em Línguas, Literaturas e Culturas. “A Marta Curto é uma pessoa muito simpática e disponível e inspirou-me com o seu percurso e clara paixão pelo que faz e vi ali a oportunidade de realmente aprender com alguém que sabe”, afirma. Também ela escolheu o programa ‘Quero Escrever um Livro’ porque “desde que se lembra imagina histórias em qualquer sítio. Acho que temos tantos livros dentro de nós que vale a pena aprender a soltá-los cá para fora”, refere. Muito “entusiasmada e expectante” para o workshop, salienta que “somos o que escrevemos e não podemos ter medo de quem somos nunca. Aprender a sentirmo-nos seguros com as nossas próprias palavras e com a nossa escrita, que pode ser tão poderosa, é uma das melhores virtudes que podemos alcançar com estes workshops como ponto de partida”, salienta.

Orgulho em fazer parte do caminho

Marta Curto “baba” com estes jovens. “Tenho imenso orgulho neles, sinto-me honrada por fazer parte deste caminho”, afirma, surpreendida pela “coragem, talento e resiliência. Nestas idades gosta-se de tanta coisa e fico feliz que queiram investir na escrita. É necessária uma orientação para conseguirem organizar-se, focar-se, há estímulos a mais, escolha a mais, pedimos-lhes demais. É óptimo em termos teóricos poderem ser muita coisa mas também pode ser motivo de frustração”, alerta, referindo que nos seus workshops pode inscrever-se qualquer jovem. “Há várias adaptações da escrita que não são apenas para o escritor. Tenho seguidores que não gostam de escrever, mas querem ter boas notas a Português. Eu digo sempre que há vários usos da escrita que são essenciais: uma carta de apresentação, cartas de amor, legendas de posts das redes sociais, etc. Se não escreverem bem, não se vai perceber o que querem dizer. A escrita é importante sempre, não tem obrigatoriamente de ser literária”, aponta.

E o mais importante é que “o papel não te julga. Não te diz ‘que parvoíce’ ou ‘és um fracasso’. O papel não diz nada, só aceita o que lhe queres dar. Ajuda a processar, a digerir o dia-a-dia, que às vezes é tão rápido, exige tanto, ali é um momento de pausa. Principalmente escrevendo à mão, há um desaceleramento do pensamento e isso ajuda a centrar. O ‘Escreve Sem Medo’ vem precisamente dos medos que fui notando neles, até mesmo o medo do sucesso, o medo do ‘e depois?’ Há muita coisa a digerir e a escrita é libertadora”, sublinha.

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