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Uma “área em crescendo” que conta com dois mil profissionais registados a praticar em Portugal e os primeiros licenciados a começar a sair, desde 2020, das oito escolas com cursos de Osteopatia no país. Ainda há algum desconhecimento sobre esta prática, diz o secretário-geral da Direcção da Associação dos Osteopatas de Portugal, Fernando Diniz Baptista, e por isso querem começar, já no próximo ano, a percorrer as escolas com acções de esclarecimento junto do público mais jovem ou, por outras palavras, “o futuro da população”.

Como descreve a Osteopatia?

A Osteopatia é uma área da medicina criada em 1874 pelo médico e cirurgião norte-americano Andrew Taylor Still, que fundou a primeira escola de medicina osteopática, a American School of Osteopathy, no Missouri. Ele desenvolveu uma prática e filosofia de abordagem ao sistema músculo-esquelético completamente inovadora. Nos EUA, é equiparada à medicina convencional; em Portugal, tornou-se uma área das ciências biomédicas completamente autónoma com um enfoque muito concreto na área neuro-músculo-esquelética, é aí que desenvolvemos a maior parte do nosso trabalho. Os osteopatas são especialistas na percepção de alterações na fisiologia do sistema neuro-músculo-esquelético, nomeadamente através da observação, palpação e amplitude dos movimentos, no diagnóstico diferencial, no tratamento e prevenção das disfunções somáticas. É uma área de cuidados primários de saúde que tem um enfoque primordial em todo o sistema anátomo-fisiológico com o objectivo de criar a melhoria do estado de saúde global do paciente.

Quando se diz que a Osteopatia pretende um restabelecimento de corpo e mente, o que se quer dizer especificamente?

Não é algo que seja completamente alheio à medicina convencional, a premissa de que mente e físico são inseparáveis. Nós fazemos a mesma abordagem, o corpo e a mente estão intimamente relacionados e quando há uma melhoria do estado de saúde no espectro anátomo-fisiológico, mais concretamente neuro-músculo-esquelético, há automaticamente uma melhoria ao nível do estado psíquico. As pessoas que nos chegam com problemas neuro-músculo-esqueléticos por vezes trazem uma componente emocional já muito sobrecarregada, inclusivamente pela própria dor que carregam, a mente acaba por não trabalhar adequadamente e gera sensação de maior dor. Ao reduzirmos a dor, estabilizamos a parte emocional. As duas situações acabam por se fundir e ser extremamente benéficas para a melhoria do estado de saúde geral do paciente.

Quais são as principais lesões para as quais a Osteopatia é recomendada?

As queixas mais comuns que trazem os pacientes ao osteopata são: dores nas costas e pescoço; ciática; dores de cabeça e enxaquecas; disfunções da articulação temporomandibular; dores nas articulações periféricas como ombros, joelhos e tornozelos; problemas asmáticos e digestivos; disfunções relacionadas com a gravidez; disfunções pediátricas; tendinites e estiramentos musculares; problemas posturais; lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho; lesões por esforço repetitivo; lesões relacionadas com a prática desportiva; entre outras.

Quais são os benefícios únicos desta prática em relação a outras como, por exemplo, a Fisioterapia que também trata algumas destas lesões?

São práticas diferentes, assim como é a quiroprática, independentemente de se poderem complementar. A quiroprática é algo que nasceu 20 anos depois da Osteopatia e centra-se muito na coluna vertebral e na premissa de que todos os problemas derivam de situações disfuncionais da coluna vertebral. A fisioterapia centra-se na recuperação física do paciente, em criar uma série de situações para repor durante um espaço de tempo, mais ou menos alargado, a situação física do paciente, de forma a ter maior mobilidade e flexibilidade e retomar a sua vida diária com melhores condições de saúde do que aquelas que tinha anteriormente. Normalmente, há sempre uma prescrição médica associada aos tratamentos de fisioterapia; nós, osteopatas, não necessitamos desse tipo de abordagem, somos independentes, a lei deu-nos autonomia total em termos de diagnóstico terapêutico. Nós fazemos o nosso trabalho, os restantes profissionais fazem o deles, todos temos um papel fundamental nos cuidados primários de saúde. Deve continuar a haver a tendência para uma maior inter-relação, complementaridade e pluridisciplinaridade em termos de acompanhamento do paciente para que o objectivo maior seja a recuperação integral do mesmo.

Ainda existe um grande desconhecimento em relação à Osteopatia?

Começa a haver algum conhecimento mas a iliteracia a nível da Osteopatia ainda é substancial. Nesse sentido, a Associação dos Osteopatas de Portugal (AOST) vai apostar, através dos programas que estão em curso, na redução desta iliteracia com enfoque essencialmente ao nível das escolas para que os jovens percebam o que é a Osteopatia e o que tem para lhes oferecer. As acções estão previstas para 2022, fazem parte do nosso plano de actividades, e iremos realizar outras acções de divulgação da Osteopatia. Por outro lado, temos de ter consciência que Portugal tem uma população envelhecida e há a necessidade de todas as áreas da saúde se adaptarem a esta realidade. A Osteopatia não descura o envelhecimento e daí o surgimento de formações com especialização na área da geriatria.

Uma forma de atenuar este desconhecimento não seria a promoção dos tratamentos de Osteopatia nos centros de saúde?

Sim, mas temos de lutar em frentes de batalha diferentes. Uma coisa é a iliteracia do povo em relação à Osteopatia, há a necessidade de fazermos este tipo de programas de rastreio a nível das populações mais jovens porque elas são o futuro, é aí que vamos apostar. Mas deve também ser feita a apologia de criar maior conhecimento sobre a Osteopatia ao nível da investigação científica, que já está a acontecer em Portugal. Há evidência científica sobre os benefícios da Osteopatia, não é esotérico, é bom que se desmistifique isto. A eficácia da Osteopatia está provada cientificamente, em diversos trabalhos de investigação académica, publicados internacionalmente em revistas científicas da área da saúde. A Osteopatia nada tem a ver com medicinas alternativas, é uma área médica, tem abordagens diferenciadas mas também comuns à medicina convencional. Actuamos com avaliação, diagnóstico, e depois há uma divergência muito específica porque a nossa área de actuação é ao nível manual. Socorremo-nos quando necessário de exames de diagnóstico, não descuramos nada que seja para o bem do paciente, socorremo-nos de variadas ferramentas, mas a Osteopatia é uma área da saúde que utiliza terapia manual, suave e efectiva, não invasiva, focada na saúde total do corpo, tratando e fortalecendo o sistema neuro-músculo-esquelético, que inclui nervos, músculos, tendões, ligamentos, articulações, e a coluna vertebral, beneficiando o desempenho do sistema nervoso, circulatório e linfático. Não prescrevemos medicamentos, o máximo que fazemos é aconselhamento ao nível das actividades da vida diária, alimentação, higiene, exercícios físicos, comportamento postural, o que quer que proporcione um benefício geral da saúde do paciente. Daí a nossa diferença.

Assim se explica a frase que serve de mote a esta prática ‘encontre a lesão, trate e deixa a Natureza agir’?

Uma frase atribuída a Andrew Still que encerra em si mesma os princípios fundamentais da Osteopatia: achar, tratar e deixar ficar. O corpo tem uma função, a autocura, reage à procura do equilíbrio e essa regulação da homeostase é feita de uma forma natural. O que nós, osteopatas, fazemos é ajudar esses mecanismos de autocura que todos os seres humanos possuem, somos facilitadores de um processo de cura que a pessoa necessita para uma melhoria do estado de saúde. A Osteopatia, exercida por um osteopata qualificado é segura e não dolorosa. Em todo o mundo, efectuam-se milhões de tratamentos osteopáticos com um grau de segurança extremamente elevado e cujos resultados beneficiam milhões de pacientes diariamente.

Que caminho ainda falta fazer na Osteopatia em Portugal?

Neste momento já se deram grandes passos. Somos o país da Europa com a melhor legislação para a Osteopatia, melhor do que os ingleses que deram o pontapé de saída em 1993, porque temos a possibilidade de sermos profissionais autónomos e independentes. Em 2016, começamos a ter licenciaturas nesta área. Actualmente, em Portugal, de Norte a Sul, existem oito escolas superiores de saúde, incluindo uma pública, que ministram a licenciatura em Osteopatia devidamente acreditada pela A3ES – Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior e Direcção-Geral do Ensino Superior. Tem sido um crescendo, em contraciclo com outras áreas que já tiveram as suas licenciaturas e deixaram de ter. Os cursos têm tido boa adesão e esperamos que continue assim. Neste momento, temos acima de 2 mil osteopatas devidamente registados na Administração Central do Sistema de Saúde, o organismo que nos rege e nos regula, não andamos ao Deus dará, o que é algo muito positivo e faz com que estejamos a ter procura por parte de estrangeiros que vêm estudar para Portugal – belgas, franceses, espanhóis – porque acabam por ter um grau académico nesta área, algo que não acontece noutros países da União Europeia. É muito positivo para a Osteopatia e para Portugal.

O que o levou a si, pessoalmente, para a Osteopatia?

Estive ligado ao Desporto desde muito cedo, Judo e Tiro com Arco Olímpico, e fiquei com algumas lesões. Nessa altura, havia muito poucos Osteopatas em Portugal, contavam-se provavelmente pelas duas mãos. Fiz Fisioterapia, mas demorava muito tempo e um dia contactei um Osteopata, fiz uma sessão e o problema ficou resolvido. Achei interessante, investiguei e em 1994 fiz a minha primeira formação na Oxford School of Osteopathy. Em 1999, licenciei-me na Oxford Brookes University. Apaixonei-me pela Osteopatia porque comecei a ver os resultados e foi uma sucessão natural de acontecimentos até hoje. Estou 30 anos na área da Osteopatia e continuarei a estar até que “as mãos me doam”.

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