
Anabela Lopes
Escritora e Criadora de Moda Infantil
Num mundo que urge em se despadronizar, vivemos de padrões e etapas. Aos 18 anos, quando achamos que somos, e nos sentimos, adultos, tomamos a primeira grande decisão da vida, aquela que é para sempre, aquela que nos vai realizar e que nos vai permitir sermos adultos independentes. Ou assim pensei, e pensamos quase todos, ao escolher o curso, o percurso e a cidade que nos vai acolher nos anos seguintes. Há quem defenda que são os melhores anos da nossa vida. Talvez. Fui muito feliz, fiz amigos e companheiros para a vida. Se encontrei o meu caminho para a vida na Universidade? Nunca exerci a profissão na qual me formei. Primeiro, por falta de experiência, depois porque emigrei em busca de sonhos que não sabia que tinha e, por fim, porque já passou demasiado tempo. Inevitavelmente, a questão surge: “Tantos anos a estudar para quê?”. Estudei, casei, emigrei, tive filhos. Quando me apercebi, tinha 30 anos e não sabia o que queria da vida. Entrei numa crise existencial quando quase nada me faltava. Aos 18 anos não nos é dito que a nossa decisão pode não ser para sempre, pode não ser o que realmente queremos, que há caminhos na vida que nos levam para outras direcções. Mas, felizmente, é-nos permitido sonhar, arriscar e lutar. Permite-te não saber o que queres aos 30. Aos 40. Aos 50. Só assim poderás buscar o que te preenche e te faz feliz. Não há nada de errado em mudar. Não há nada de errado em sonhar e comandar a vida.