As Termas são “locais de saúde”, abertas a toda a população que queira investir na promoção da mesma, mas também contemplam programas direccionados para doentes que sofrem as mais diversas patologias, inclusive os doentes ‘long’ Covid-19, com queixas como tosse persistente, dificuldades respiratórias ou fadiga.
O que é um doente ‘long’ Covid? “Passamos a designar por ‘long’ Covid os doentes que, depois da fase aguda da Covid-19, permanecem com sintomas como tosse persistente, dores de cabeça, fadiga, alterações do sono, depressão, dores musculares, entre outras”, explica o director clínico das Termas de S. Jorge, Pedro Cantista, acrescentando que “entre 10 a 30% dos doentes podem ter estes sintomas” após a infecção. “São sintomas com alguma intensidade, mais nalguns casos do que noutros, suficiente para causar mal-estar e alguma incapacidade. As pessoas sentem, assim, a necessidade de um restabelecimento e como as Termas têm algumas medidas de reabilitação para determinado tipo de incapacidade ou alteração da performance, procuram-nos”, afirma.
As Termas de S. Jorge, situadas na freguesia das Caldas de S. Jorge, notaram, desde a sua reabertura, garante a directora-geral, Teresa Vieira, “uma retoma mais significativa” de termalistas, sejam os habituais, que tinham parado os tratamentos devido ao confinamento, ou novos utentes que procuram as Termas para melhorar a sua saúde. “O facto de se ter suspendido a actividade assistencial levou as pessoas a procurarem essa oferta nos sítios que reabriram”, revela Teresa Vieira, adiantando que “recuperaram, inclusive, clientes antigos que já não vinham há muitos anos. A Covid-19 fez as pessoas perceberem que se estiverem mais fortes, aguentam melhor estas ameaças. A nossa protecção é o nosso sistema imunitário”, afirma. Um público que também regressou foram as crianças. “Regressaram às Termas antes do início do ano escolar muitos dos nossos meninos termalistas e também muitos meninos pela primeira vez, alguns que tiveram infecção por Covid-19”, refere.
Problemáticas do foro respiratório e músculo-esquelético
Vocacionadas para problemáticas do foro respiratório e músculo-esquelético, as Termas de S. Jorge oferecem um conjunto de tratamentos que mitigam os sintomas de diversas patologias. Nenhum deles é específico para doentes ‘long’ Covid, mas trazem grandes vantagens para a melhoria da saúde. “Os tratamentos são para todas as patologias e não específicos para a Covid-19. Pelas características terapêuticas da nossa água, que estão vocacionadas para problemas das vias respiratórias e músculo-esqueléticos, acabamos por ir ao encontro de dois dos principais sintomas mais comuns que perduram para lá da infecção por Covid-19: dificuldades respiratórias e dores musculares. Não há qualquer inovação do ponto de vista do tratamento, há sim um aumento do leque de possibilidades da frequência termal”, explica Teresa Vieira.
Há “medidas dirigidas para um determinado tipo de sintomas e outras dirigidas globalmente para a saúde”, acrescenta Pedro Cantista, afirmando que “nas Termas mesmo que não haja um tratamento específico para determinada doença, o facto de haver um programa que vai melhorar a saúde, melhora automaticamente qualquer doença, o que também acontece quando falamos na Covid-19”, diz. O médico lembra que “há uns anos, tratava-se a tuberculose com bons ares, boa alimentação e descanso e as pessoas que faziam este tipo de abordagem resistiam melhor. Isto é um tratamento de suporte. Em termos das doenças crónicas, se tivéssemos um comportamento correcto de saúde de suporte, com exercício, relaxamento adequado, com aquilo que a Natureza nos dá, faria toda a diferença”, sublinha.
Tosse persistente, dificuldade respiratória e fadiga
O médico adianta que os sintomas mais habituais que os doentes ‘long’ Covid têm apresentado na sua entrada nas Termas de S. Jorge são “claramente os respiratórios, como a tosse persistente, a dificuldade respiratória e a fadiga”, referindo que alguns também apresentam quadros com “dores de cabeça, alterações de sono e distimia”. Nestes casos, os tratamentos podem envolver, nas situações respiratórias, “inalações, nebulizações, aerossóis” e na parte músculo-esquelética, “hidroterapia, tratamentos de banhos e duches, actividade física programada” e outras como “aplicação de parafangos, cinesioterapia, massagens”. Tudo, claro, “equacionado caso a caso” dependendo da “persistência e gravidade dos sintomas pós-Covid” que estão relacionados com “como foi a doença Covid”. A ter em conta, ainda, a “carga do ponto de vista psicossomático”, aliviada pelas técnicas que produzem relaxamento físico e psicológico – melhor sono, horas certas para comer, boa alimentação, acompanhamento.
“Se pensarmos que um milhão de portugueses (10% da população) teve infecção por Covid-19 e que de 100 a 300 mil podem ter persistência dos sintomas… Felizmente, as situações que aparecem não são muito graves. Mas quando falamos de saúde, bem-estar, produtividade e oferecer às pessoas qualidade de vida para poderem trabalhar e viver bem junto dos que mais amam, há um património de que dispomos, as Termas, e que deve ser aproveitado”, salienta, falando do reconhecimento das vantagens das Termas pela Organização Mundial da Saúde. “Recentemente, a OMS emitiu um parecer dizendo que os tratamentos termais deveriam fazer parte da oferta dos tratamentos para os doentes pós-Covid, dado o elevado número destes doentes para os quais são precisos meios de resposta que muitas vezes não estão disponíveis. Não aproveitar a capacidade instalada de estabelecimentos de saúde seguros, que sabem o que estão a fazer e têm imenso valor, é um erro”, aponta.
Teresa Vieira complementa esta ideia. “O papel das Termas ainda é mais importante, para a população em geral, no pós-confinamento porque o confinamento trouxe limitações de diagnóstico, tratamento, falta de exercício físico, diminuição da mobilidade, obesidade, ansiedade e depressão, tudo isto junto dá um cocktail potenciador de doenças crónicas, é preciso inverter esta curva”, alerta, caso contrário “vamos ter mais pessoas com problemas músculo-esqueléticos e cardiovasculares. É preciso que as pessoas estejam em sítios em que respirem saúde”, afirma. As Termas, que já seguiam diversas medidas de segurança e higiene antes da pandemia estalar, dada a natureza do estabelecimento, apresentam-se como uma boa opção. “Não há melhor sítio do que um balneário termal para relaxar”, garante Teresa Vieira. “A marca termal tem a ver com restabelecimento global da saúde, as Termas são locais de saúde. Não foi preciso mudar muita coisa porque já tínhamos a cultura ancestral de higiene e segurança. Nunca tivemos nas Termas qualquer problema de contágio”, afirma, por sua vez, Pedro Cantista.