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Rita Jerónimo e Pedro Fernandes tinham a vida estável que muitos casais ambicionam. Um emprego no estrangeiro, casa e carro comprados, e a expectativa geral de que a seguir viriam os filhos. No entanto, um sonho persistia, o de viajar o mundo, e “foi quando a vida se tornou mais estável”, que começaram a repensar prioridades. Com o bater dos 30 e, sobretudo, com a pandemia, despediram-se dos trabalhos onde estavam e criaram a própria empresa de webdesign que, assim que ganhou o volume necessário de clientes, se tornou o motor de arranque de um bilhete de ida para o primeiro país na rota: Tailândia. Desde então, já percorreram Malásia, Camboja, Vietname, Singapura, Filipinas e rumam em breve para Bali, numa viagem que ainda vai incluir muitos carimbos no passaporte.

Emigrados na Holanda desde 2018, ele a trabalhar na área do desenvolvimento de software e ela no apoio ao cliente numa empresa de tecnologia, Rita Jerónimo e Pedro Fernandes tinham até então percorrido o caminho de muitos antes deles: bom emprego, casa e carro comprados. Ambos acabados de entrar nos 30, sabiam que a expectativa do que se seguiria era a construção da própria família. Mas em 2020 a Covid-19 faz parar o mundo e o casal começou a questionar-se “É mesmo isto que queremos?”. O facto de terem tudo definido e de a vida finalmente se encontrar num ponto “estável” lembrou-os do sonho que estava na gaveta por cumprir: viajar o mundo. “Viajávamos sempre muito, 1/2 viagens por ano, sempre foi algo que gostamos de fazer e queríamos viajar a tempo inteiro”, diz Rita Jerónimo. A ideia começou a ganhar forma e Pedro Fernandes despediu-se, em Março de 2020, seguindo-se o primeiro passo nesta jornada: a criação da própria empresa de webdesign, Brand Set Grow, que foi crescendo em clientes e reputação. Rita acabaria por se despedir também, mais tarde, e assim que garantiram o volume necessário de clientes, agendaram a partida para o primeiro destino da lista – Tailândia – uma viagem que já estava comprada pré-pandemia e que serviu como motor de arranque desta aventura que se iniciou em Abril deste ano.

Uma decisão que “não foi fácil tomar”, vender casa e carro depois de três anos de um percurso em construção, mas que valeu a pena para poderem cumprir o sonho que alimentavam. “Quando sentimos conforto na empresa, quando começámos a ter clientes regularmente, pensámos ‘podemos fazer este trabalho remotamente’. Juntámos o útil ao agradável e fomos viajar o mundo continuando a trabalhar na nossa empresa”, afirma Pedro Fernandes, explicando que não têm horários fixos, adaptam as horas das reuniões aos fusos horários dos clientes, por isso “tanto faz que os clientes estejam em Portugal ou nos EUA, desde que a localização seja imperceptível para eles, não há problema de estar a trabalhar e a realizar um sonho ao mesmo tempo”. Rita Jerónimo lembra que, quando ainda trabalhavam na Holanda e a pandemia começou a abrandar, voltou a falar-se em regressar ao escritório e esse foi um dos maiores incentivos para começarem a pensar num caminho alternativo. “Começámos a pensar oh não, vamos ter de voltar ao escritório e à rotina’ e avançámos com a criação da nossa empresa. Não queríamos voltar aos escritórios, ter horários fixos, e criar a nossa empresa e viajar era algo que queríamos há muito tempo, então, com a entrada nos trinta, pensámos ‘é agora ou se calhar já não é’. Tinha de ser agora”, salienta.

Malásia, Camboja, Vietname, Singapura e agora Filipinas

Enquanto angariavam clientes entre família e amigos e contactos directos para averiguar quem queria auditorias aos websites e produção de novas páginas, iam planeando a viagem que começaria na Tailândia e abarcaria depois uma série de países como Malásia, Camboja, Vietname, Singapura, Filipinas e o próximo na lista: Bali (Indonésia). “Tínhamos alguns países onde que queríamos ir, por acaso as Filipinas não estavam no itinerário porque neste momento é época das chuvas e tufões aqui, mas como estávamos perto, arriscámos”, revela Rita Jerónimo. “Em pouco tempo, já corremos bastantes países”, diz Pedro Fernandes. Muitas viagens, muitos países e também muitas peripécias. “No Vietname, tínhamos de apanhar o voo para Singapura. Estávamos em Hanói, tínhamos acabado de fazer o cruzeiro de Halong Bay e quando chegámos ao aeroporto olhámos para o placar e o nosso voo não estava lá. Revimos o bilhete e tínhamos marcado o voo a partir da cidade errada, de Da Nang para Singapura e não de Hanói. Tivemos de marcar noite de hotel e remarcar o voo”, conta Pedro Fernandes, agora a rir, mas na altura nem tanto. “Acontece, é muita coisa ao mesmo tempo. Gostávamos de ter as coisas mais planeadas, de marcar tudo como fazemos para férias, mas viajar a tempo inteiro é diferente, temos de ficar alguns dias num sítio porque temos uma chamada com um cliente ou o voo é mais barato noutra altura e temos de ir ajustando, o que acaba por dar azo a este tipo de erros”, explica Rita Jerónimo.

Vão aproveitando as dicas dos viajantes que conhecem pelo caminho e durantes estes cinco meses já vivenciaram experiências inesquecíveis. O cruzeiro de Halong Bay foi uma delas, a preferida do casal até agora. “Uma experiência do outro mundo, principalmente porque tivemos um upgrade no quarto para o melhor quarto do cruzeiro, uma suite com 72m2, gigante, maior do que o apartamento que temos no Porto. E o ambiente de cruzeiro, tudo incluído, a Natureza à volta… Ficávamos bem só a olhar a paisagem o dia inteiro”, garante Pedro Fernandes. “O orçamento que temos para a viagem é reduzido e estávamos na dúvida se fazíamos o cruzeiro porque é caro. Mas toda a gente dizia que é fantástico, embora seja algo muito turístico, e nós pensávamos ‘será que vale a pena?’. Valeu muito a pena, as paisagens, a comida, as actividades (kayaking, nadar no rio, visitar caves), queríamos ficar mais tempo”, complementa Rita Jerónimo. Lembram ainda a tour pelas ilhas Phi Phi, na Tailândia, e outro momento, no Camboja, que ficará sempre na memória. “No meu aniversário, fomos a um restaurante que tinha boas recomendações on-line e fizeram-me uma surpresa, deram-me uma fatia de bolo e cantaram-me os parabéns. É este tipo de experiências que nos marcam. Não tanto as actividades, mas a interacção com as pessoas”, frisa Rita Jerónimo.

Culturas, pessoas e ideias diferentes

“Interagir com culturas diferentes” é das melhores coisas das viagens, diz Pedro Fernandes, sempre fazendo comparações entre a realidade que conhecem e a realidade que estão a descobrir. “Têm uma cultura completamente diferente da europeia e uma boa parte da experiência de viagem tem sido conhecer pessoas e ideias diferentes. Aqui são muito mais devotos em termos de religião, é interessante interagir com pessoas tão diferentes, ver as mentalidades, a forma de agir, ver que nós fazemos as coisas de uma maneira, eles fazem de outra completamente diferente, conhecer hábitos e costumes”, enumera. Tão diferentes, às vezes, que se tornam um verdadeiro “choque. No Vietname, o trânsito é um caos”, atira Pedro Fernandes, explicando que “uma pessoa a atravessar a rua tem motas e carros a passarem à frente e atrás, não param para ninguém passar nas passadeiras e estão sempre a buzinar por tudo e por nada. Ultrapassam pela direita e pela esquerda, entram em contramão nas curvas e ninguém se chateia, é normal. Se isso acontecesse em Portugal, a pessoa chamava 50 mil nomes. É preciso habituar-se a esta realidade”, afirma. “Cada país tem a sua própria cultura e nós temos de nos adaptar. Há coisas que para nós são normais, como andar de mão dada na rua, que em alguns sítios não é bem-visto”, diz Rita Jerónimo. Aventuras e realidades que vão partilhando com quem os segue no Youtube, no seu canal Rita & Pedro, e também com a família e amigos que ao início ficaram assustados com a grande mudança de vida. “Os nossos pais ao início estavam reticentes”, diz Pedro Fernandes. “Aquele primeiro impacto quando o Pedro se despediu…”, lembra Rita Jerónimo. Perguntas como ‘um trabalho tão seguro, contrato sem termo, carro da empresa, um bom ordenado, e vais-te despedir?’ ecoavam constantemente. “Já tínhamos comprado casa e carro na Holanda, a nossa vida estava definida, o normal era ter filhos e esperar por ser velho. A partir do momento em que tivemos a nossa vida mais estável, decidimos dar uma volta de 180º e vendemos tudo. O maior choque foi dizermos que nos vínhamos embora da Holanda. Se calhar as pessoas até ali não tinham acreditado”, afirma Pedro Fernandes.

Não se arrependeram. Seguiram em frente no caminho de se “tentar encontrar, ver o que queriam para a vida, ir atrás de sonhos e ideias e aproveitar as competências que tinham” para criar o próprio negócio e gerir o seu tempo. Para trás, ficou o “mundo corporativo, trabalhar para os outros, a desmotivação e o cansaço” associados. Rita Jerónimo e Pedro Fernandes sabem que estão a remar contra a corrente. “Sabemos que isto não é certo, não há muita gente que o faça, não há grande empreendedorismo em Portugal. É preciso mais gente que enverede por aqui ou que saiba que é uma opção. Como os meus pais e os dele sempre trabalharam em empregos seguros, nunca foi algo que sequer pensassem ou quisessem”, explica Rita Jerónimo. A par da empresa, o casal está a investir no seu canal de Youtube, onde registam todos os lugares por onde passam, e que têm como objectivo monetizá-lo até ao final do ano. “Acho que que vamos atingir a meta, até agora tem corrido bem”, diz Pedro Fernandes, orgulhoso com a interacção dos internautas. “As pessoas dos próprios países onde fazemos os vídeos vêem e comentam, dão dicas. Por exemplo, no vídeo da food tour na Malásia, comentavam a dizer o que estávamos a comer, que nós na altura nem sabíamos devido à barreira linguística”, conta Pedro Fernandes. “Gostamos mais de vídeo do que de fotografia, faz mais sentido o canal do Youtube. Também temos Instagram, mas no vídeo transparecem mais as nossas personalidades”, elucida Rita Jerónimo.

Cinco meses a viajar, um de regresso a casa

De futuro, gostariam de poder dividir o tempo entre 3/5 meses a viajar e 1 mês de pausa para visitar a família em Portugal. “Há coisas que sentimos falta, principalmente das nossas famílias e amigos. Se calhar conseguimos fazer isto de forma a não sentirmos tanta saudade de, por exemplo, comer uma Francesinha”, brinca Pedro Fernandes. “Parece tudo um mar de rosas, mas também tem desafios”, frisa Rita Jerónimo. Na rota de destinos, gostariam de incluir a Índia, mas só “na altura do Holi”, o Nepal para “subir ao basecamp do Everest”, o Butão e a Mongólia. “Gostávamos de ir a países menos viajados e procurados para férias para mostrar às pessoas que muitas vezes a realidade é diferente daquilo se pensa”, afirma Rita Jerónimo, contando que muita gente os alertou em relação a Manila (Filipinas) e que afinal foi uma boa surpresa. “Íamos com as expectativas baixas e surpreendeu-nos pela positiva e é esse tipo de lugares que queremos desmistificar”, salienta. Além de quererem mostrar também “que tipo de actividades se pode fazer nesses países”.

À lista, Pedro Fernandes acrescenta ainda Egipto, Marrocos e Arábia Saudita como lugares onde quer continuar a registar memórias e a tentar encontrar o tal equilíbrio difícil dos criadores de conteúdos que batalham entre desfrutar do momento e registá-lo. “Temos de conseguir conciliar o desfrutar e o registar porque isso torna as gravações mais naturais, mas claro que é complicado. Há alturas em que não queremos ter uma câmara à frente da cara”, comenta. “Não aproveitamos tanto como alguém que vem só de férias, temos de pensar o que vamos fazer, visitar, o que ficaria interessante num vídeo. Por exemplo, quando tivemos na tour das Phi Phi, tínhamos 40 minutos para desfrutar e enquanto toda a gente aproveitava para ir para a água, nós estamos a gravar e depois o real tempo de desfrutar fica reduzido, mas é uma opção nossa”, complementa Rita Jerónimo. Se o canal não atingir os objectivos traçados, pelo menos fica “a boa recordação deste período da vida”.

Como conselhos para futuros viajantes, dizem para “não planear em demasia e manter a mente aberta. O alojamento, por exemplo, não vale a pena marcar com muita antecedência porque se calhar vamos gostar muito de estar num sítio e vamos querer ficar mais um ou dois dias, além de que, ao contrário da Europa, as fotografias dos sites nem sempre correspondem à realidade. Nunca sabemos o que vamos encontrar quando cá chegamos”, avisa Rita Jerónimo. “Às vezes as coisas podem não estar dentro dos nossos padrões e temos de aceitar porque não são os nossos padrões, são os das pessoas daqui e estamos nos países delas. Temos de aceitar as coisas como elas são e não pensar ‘queria que fosse assim’. Na Europa e nos EUA somos bastante stressados com muita coisa e aqui as pessoas são mais relaxadas. Temos de aprender a ser mais relaxados e não nos deixarmos afectar com tanta coisa que acontece porque vai haver sempre algo que não está bem, viajar não é estar no conforto de nossa casa”, sublinha Pedro Fernandes. Por último, salientam a importância de consumir comida cozinhada, comer na rua apenas em sítios onde esteja muita gente e, muito importante, destralhar. “Não tragam tanta coisa como nós, trouxemos demasiadas coisas. É um erro que muita gente comete, já tínhamos na ideia não levar muita coisa e mesmo assim trouxemos coisas a mais”, afirmam, lembrando que depois encarece a bagagem nos aeroportos. No momento em que a conversa chegava ao fim, o casal detectou uma nova amiga no quarto. “Ah e não se preocupem com as osgas nos quartos, é natural”, rematam, entre risos.

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