Luísa Azenha e Francisco Maia conheceram-se através de amigos em comum e dois meses depois seguiam na sua primeira viagem em casal rumo a um destino inusitado: o deserto do Sahara. O verdadeiro “teste”, como lhe chamam, em que ambos acabaram por se ganhar um ao outro, continuando a perseguir a sua paixão por conhecer os vários recantos do mundo e transformando este gosto numa página com milhares de seguidores: Come With Us. Hoje, são três a viajar, a eles juntou-se o bebé Henrique, de 1 ano, e já têm a primeira viagem marcada em família para fora do país depois de tanto tempo dentro de fronteiras portuguesas: México.
“Quatro anos… É uma vida”, brinca Francisco Maia, depois de lhe perguntar, a ele e à cara-metade, Luísa Azenha, há quanto tempo se conhecem. Quatro anos parece pouco, mas, garantem, tem sido intenso. “Já vivemos muita coisa, viajámos muito. Desde que nos conhecemos, nunca mais nos largamos”, diz Luísa Azenha. E começaram cedo a descobrir países juntos. Dois meses de relação e a primeira viagem como casal foi para… o deserto do Sahara. “Arriscámos tudo”, atira Francisco Maia. Uma viagem que “tinha tudo para correr mal”, com quilómetros de estrada em terra batida sem luz e um atraso a chegar ao hotel que lhes custou o quarto para pernoitar, mas que acabou por ser o início de um trabalho em comum que lhes traria milhares de seguidores.
Assim nasce a página Come With Us, com fotografias tiradas pelo mundo inteiro e também ns vários recantos de Portugal, numa óptica de “provar que para viajar não é preciso gastar rios de dinheiro. Sempre que marcamos uma viagem levávamos tudo programado”, diz Francisco Maia, e Luísa Azenha acrescenta: “Planeamos sempre com orçamento e nunca fugimos dele, muitas vezes até ficamos abaixo. As pessoas acham que somos ricos mas não, vivemos dos nossos empregos e poupamos com o intuito de viajar porque é algo que valorizamos muito”. Ele com uma empresa de criação de conteúdos, ela jurista, faziam, antes da pandemia, três viagens por ano para fora do país. “Juntos já estivemos em 10 países”, contam.



Índia, a viagem que não se esquece
De todos, destacam, a Índia foi sem dúvida a viagem mais especial. “A Índia foi o país que mais nos marcou de forma emocional, ficamos conectados com as pessoas, com a cultura completamente diferente, fizemos amigos com quem ainda hoje falamos. Apoiam a nossa página e tratam-nos como família. Temos um carinho especial pela Índia, é um país fantástico”, diz Luísa Azenha. Uma viagem “incrível, cheia de peripécias, de mochila às costas. A Índia é propícia a essas coisas, nada é controlado”, salienta Francisco Maia, recordando uma viagem de táxi a fazer lembrar cena de filme quando o voo atrasou e tinham apenas meia hora para chegar até ao comboio que os levaria de Deli a Agra. “Ao chegar à estação às 5h30 em Deli, uma das cidades mais populosas do mundo, fazemos a curva e a rua está cheia de táxis parados, a 300m da estação, e o taxista diz “saiam, comecem a correr”. Faltavam 5 minutos para o comboio sair. Agarrámos nas mochilas, galgámos os carros, sem olhar, dois turistas malucos em stress. O nosso vídeo da Índia começa, inclusive, comigo no comboio a suar a contar essa história”, lembra Francisco Maia.
Depois da Índia, a ilha de Malta surpreendeu pela sua “beleza incrível e singularidade de paisagens”, tendo conseguido que o casal que normalmente viaja com tempo contado a saltitar de lugar para lugar ficasse “muito tempo no mesmo sítio”; e no top3 destacam ainda a Malásia, um destino que ambos relembram com carinho porque foi “a última viagem antes da pandemia. Eu já estava grávida”, conta Luísa Azenha. “Foi espectacular, não estava à espera de gostar tanto, tem sítios incríveis e estivemos na ilha do Bornéu, que tem selvas, animais, praias lindas e pessoas tão simpáticas, surpreenderam-nos”, diz Francisco Maia.



Equilíbrio entre planear e desfrutar
As pessoas cobiçam estas “grandes vidas” mas não imaginam o trabalho por detrás da criação de conteúdos. Há um equilíbrio difícil de conseguir entre criar e desfrutar do espaço onde estão. “Na Malásia, estávamos no resort mas tínhamos um plano, meia hora na piscina, daí a um quarto de hora tínhamos de tirar fotografias”, afirma Francisco Maia. “Não podíamos dormir uma sesta!”, atira Luísa Azenha. O planeamento é obrigatório, ver o nascer e o pôr do sol em cada cidade do mundo, mas também, para o “perfeccionista” Francisco Maia, descobrir um ângulo nunca antes utilizado. “A minha grande dificuldade e o desafio que me coloco, quando chego lá, é como é que eu posso da forma mais criativa possível dar uma perspectiva fresca ao sítio que já milhares de pessoas viram e fotografaram, como fazer algo diferente com o meu cunho, essa é a filosofia do Come With Us. E filmamos muito, ando sempre com o equipamento atrás, carregado, o que ainda nos tira mais tempo para desfrutar dos sítios”, lamenta. “Mas também vemos tudo mais ao pormenor do que se só estivéssemos de férias”, contrapõe Luísa Azenha.
Entrentanto, a Covid-19 chegou e roubou-lhes o que tanto gostam de fazer, viajar. “Não foi fácil para ninguém, mas em termos de viagens foi… Um zero”, dizem. Mas logo mudaram a perspectiva e aproveitaram, como tantos portugueses, para conhecer ainda melhor o seu próprio país, que já tinham por hábito percorrer aos fins-de-semana. “Assim que começámos a desconfinar em Junho, viajámos cá dentro e tivemos um Verão completamente preenchido com os fins-de-semana todos em parcerias com hotéis”, dizem. Houve, revelam, uma evolução muito grande quanto à receptividade do turismo em Portugal para colaborar com influencers. “Antes da pandemia, só tínhamos convites de hotéis estrangeiros e em Portugal não se apostava muito nisso, havia alguma resistência quanto ao benefício do influencer. Mas é algo em que todos ganham, e até ganha mais o hotel porque fica com o conteúdo”, refere Franciso Maia. Ambos enaltecem que os influencers trazem um “conteúdo baseado numa experiência pessoal ao qual as pessoas interagem e reagem de forma diferente”.
Dar mundos às crianças
De dois a viajar, passaram a três. O bebé Henrique nasceu durante a pandemia e agora com 1 ano e três meses acompanha os pais nas deslocações por Portugal. “Criou muitos amigos e fãs”, diz Francisco Maia. E a adaptação do casal para viajar com uma criança? “Não foi difícil, mas ainda não fomos com ele para fora do país”, diz Luísa Azenha. Não falta muito. Luísa e Francisco marcaram viagem para Novembro com destino ao México, naquela que será a primeira saída do país em família depois da pandemia ter estalado em Portugal. “Eu adorava que ele gostasse disto”, diz Francisco Maia, desejando que o filho tenha a mesma paixão por viagens que os pais. “Aventureiro mas não louco. Um q.b. de aventura, alargar horizontes. Há coisas que, por muita formação que se tenha, só se aprende a viajar, a contactar com outras pessoas e realidades, é uma forma mais prática de aprender. Eu sempre viajei desde criança graças aos meus pais e noto que as grandes lições da minha vida foram tiradas das viagens. Quero dar isso ao Henrique”, afirma Luísa Azenha. Não descurando, claro, a relação do casal. “É importante trabalhar a relação, muitas vezes esquecemo-nos porque a rotina é absorvente, mas temos de nos “obrigar” a sair juntos uma vez por semana”, diz Luísa Azenha. “E planear férias com e sem o Henrique”, acrescenta Francisco Maia, recebendo um olhar preocupado da companheira. “Ele ainda é muito pequenino, só tem 1 ano e 2 meses”, alerta. “Está na hora!”, brinca Francisco Maia.
E para que os portugueses possam escolher bem o seu local de férias para este Verão, deixam três sugestões. “Fugindo aos grandes pólos de Lisboa, Porto e Algarve, a zona do Alqueva, no Alentejo, apaixona porque tem lago e os céus estrelados mais bonitos”, revelam. Outra boa opção: as Aldeias do Xisto. “Talasnal, Aldeia das Dez…”, enumeram, atirando que a Lousã tem muitos espaços novos e interessantes. “O Parque Biológico da Serra da Lousã para quem tem filhos é muito engraçado”, garantem. E para quem gosta de praia? “As praias mais bonitas em termos de paisagem são em Lagoa e Lagos, mas para férias em família recomendamos Tavira”, dizem. O último destino que os encantou? “Fomos agora a Ferragudo e ficámos impressionados: praias giras e bons restaurantes”.