O interesse pelo Feng Shui já a acompanhava há algum tempo mas foi na sequência de um problema de saúde que Sandra Miranda se viu impulsionada a arregaçar mangas e transformar um gosto pessoal num negócio. Para trás, ficou um emprego fixo e a pandemia deu-lhe o tempo necessário para aprofundar conhecimentos e experimentar na sua própria casa os conceitos de organização de espaço e bem-estar emocional ligado ao ambiente que nos rodeia.

SM Organiza vem do nome de Sandra Miranda, uma apaixonada pelo Feng Shui, residente no Seixal, que testa os conceitos que aprende na sua própria habitação. “Sem exagero, já devo ter mudado as coisas aqui em casa mais de 20 vezes”. O marido, confessa, nunca sabe onde estão as coisas, mas, mesmo não sendo tão conhecedor destas matérias como ela, deixa-se guiar pelas experiências da esposa, mesmo que por vezes exijam mais do que um teste na mesma divisão. “Uma vez fiz mal os cálculos e mudei a secretária para uma posição desfavorável. Quando, passado duas semanas, me apercebi e voltei a colocar como estava, ele disse-me que as coisas no trabalho não estavam a correr bem e que sentia que desde que eu tinha voltado a mudar, estavam a fluir melhor”, conta.

Haverá sempre quem acredite ou não e foi por esse receio que Sandra Miranda começou o negócio – depois de se ver obrigada a deixar um trabalho fixo fruto de um problema de saúde – apostando na organização de espaços. “Comecei inicialmente pela organização de espaços esperando poder introduzir, aqui e ali, um pouco de Feng Shui. Curiosamente, surpreendeu-me a procura das pessoas, que tinham mais curiosidade pela vertente do Feng Shui”. O facto talvez se deva às maleitas de que os clientes padecem quando a procuram, que vão além da própria organização de roupa ou de alimentos. “Sejam problemas de saúde, de amor, procura pela prosperidade, quem pede Feng Shui tem sempre um motivo”, afirma.

Paz de espírito dentro de casa

A pandemia permitiu-lhe ter mais tempo para explorar esta área que já antes movia o seu interesse e, quando se viu em casa com marido e dois filhos, começou a fazer formação e a aprofundar conhecimentos nas áreas da organização de espaços e Feng Shui e finalmente lançou o projeto que, como dizem os amigos, “é a sua cara. Surgiu numa altura em que estava a olhar para dentro, tinha parado a minha atividade profissional noutra área, veio a pandemia e, então, dediquei-me à casa e a encontrar paz de espírito dentro de casa”, explica. Se foi assustador? “Não foi porque era algo que eu já queria há muito tempo e só estava à espera de um empurrãozinho. Nunca tive medo de novos começos. Já estava em casa de qualquer forma, não tinha nada a perder, tive até mais tempo para desenvolver o projeto”, revela.

O grande objetivo do negócio é “tornar a vida mais fácil, funcional, ajudar na gestão do desperdício, das rotinas, do lado financeiro”. Além, claro, do alinhamento das energias. “Tudo aquilo que nos rodeia deve estar a trabalhar para nós porque todos os elementos à nossa volta têm uma influência em nós”, diz. Sandra Miranda ajusta o plano às necessidades do cliente, disponibilizando organização de espaço, Feng Shui, transformação de espaços e até mentoria. O primeiro passo, num trabalho mais completo, é sempre observar a fundo a casa. “No Feng Shui, antes de tudo, analisamos a planta da casa, com o método baguá, porque a própria planta da casa influencia a vida da pessoa. Cada ponto cardeal corresponde a uma zona da casa e, consequentemente, a uma área da vida da pessoa: sucesso, carreira, relações, futuro, passado, criatividade. Vamos analisar a casa e perceber onde está o problema da casa, que normalmente corresponde ao problema da vida da pessoa. As zonas que estão por ‘destralhar’ não estão lá por acaso, nem a localização de algumas divisões. Há sempre um sinal da casa em relação à área da vida da pessoa e o que eu faço é harmonizar a casa consoante aquilo que a pessoa necessita”.

O feedback, esse, tem sido excelente. “O último feedback que tive quase me levou às lágrimas. Uma rapariga nova, que tinha muitos problemas para dormir e uma indecisão enorme em relação ao trabalho, pediu-me para tratar do quarto dela. Lembro-me que ela até estava pouco receptiva ao que eu dizia para mudar, mas duas semanas depois a mãe dela ligou-me a agradecer e a contar que a filha nem parecia a mesma. A rapariga, ela própria, me disse que lhe abri portas, as coisas começaram a fluir e deixou de tomar medicamentos para dormir”, diz, de sorriso no rosto.